8M: Em meio a pandemia, o Dia Internacional da Mulher foi de acolhimento e solidariedade em Santarém

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O 8M neste ano foi atípico devido à pandemia. As redes sociais, com o uso de várias hashtags, foram o foco das ações do Dia Internacional da Mulher, uma delas pedia a volta do auxílio emergencial que atendeu mais de onze milhões de brasileiras com filhos que receberam o benefício dobrado — que começou em R$ 1.200 e foi reduzido de setembro a dezembro para R$ 600, quando o auxílio foi encerrado, segundo o economista Pedro Fernando Nery, em artigo publicado no Estadão em dezembro do ano passado.

Enquanto o benefício não volta, em Santarém, no oeste do Pará, o Sindicato levou um pouco de afeto, amor e acolhimento em forma de cestas básicas a mulheres, maioria mães solo, afetadas duramente pela crise sanitária, mas que há alguns anos encontraram no grupo de voluntariado “Amigos dos Anjos de Deus”, muito mais do que doações, reuniram forças para seguirem a luta pela sobrevivência dos filhos e filhas pacientes com câncer.

Uma dessas mães é Silvana de Melo Gasparin, mãe da pequena Agatha Nicole Gasparin, de 3 anos, que aos 2 foi diagnosticada com câncer no pulmão.

“Eu a levei pro Hospital Municipal depois de um forte cansaço e febre alta. Lá ela ficou internada e me disseram que ela estava com um tumor foi aí que me transferiram pro Hospital Regional no dia 30 de dezembro de 2019. Fizeram biópsia e saiu o resultado um neoblastoma, um tumor raro que só dá em crianças menores de 5 anos”, lembra a mãe.

Depois do diagnóstico, Agatha começou o tratamento, e uma das reações às sessões de quimioterapia a levaram para a UTI onde ficou 40 dias intubada. “No dia 14 de maio do ano passado, minha filha foi desintubada. Começou a se recuperar e em agosto fez a retirada do tumor em uma cirurgia que durou mais de cinco horas. Por conta da idade dela e da cirurgia ser bastante delicada ela precisou ficar uns dias na UTI mais uma vez. Recebemos alta, hoje minha filha tem 3 anos, apesar da dificuldade pra andar, por conta de duas costelas que precisaram ser retiradas na cirurgia, ela está bem graças a Deus”, conta emocionada Silvana Gasparin.

E foi em meio à pandemia, na UTI pediátrica, junto com outras mães que passavam pelo mesmo problema, que Silvana conheceu o “Amigos dos Anjos de Deus”. “Fiquei desempregada nesse período, o auxílio ajudou muito eu e meus filhos nesse período, mas quem mais me estendeu a mão, e faz isso até hoje é o projeto”, afirma.

Atualmente o projeto atende 105 crianças que contam não somente com o amor e dedicação da Aldenora Andrade, mas também das vendas de trufas que ela e a família fazem para garantir o básico a essas crianças, além das doações de voluntários.

Aldenora foi a idealizadora do projeto que ela intitulo como “um projeto em missão de superação através da fé” que começou em 2013 na loja onde a jovem trabalhava. “Um dia a mãe da Evelin (in memoriam) entrou na loja para comprar os produtos de higiene. Naquele dia o dinheiro dela não deu para levar tudo o que precisava. Meu coração ficou apertado e me emocionei quando ela me mostrou, por foto, a pequena guerreira. Mesmo não estando com boas condições financeiras, ajudei como pude e a partir daí me envolvi com elas, com a história delas, e quando vi já tinha um grupo de pelo menos 10 crianças, que eu ajudava com o salário que eu ganhava”, conta a vendedora.

Dois anos depois, Aldenora sentiu na pele as dores de todas aquelas crianças, que passaram a ser também, a força para ela continuar seguindo, por eles e principalmente por ela. Em 2015, a vendedora de 34 anos foi diagnosticada com câncer do colo do útero. “Ter um diagnóstico de câncer não é fácil. Minha fé, amor por meu filho e por cada anjinho me mantiveram de pé”, lembra comovida.

Em maio do mesmo ano ela começou o tratamento, foi submetida à cirurgia, em seguida radioterapia e quimioterapia. O Hospital Regional de Santarém, que antes era apenas um espaço de visita às crianças e mães, se tornou por vários dias durante o tratamento, a casa de Aldenora.

“Passei a ter um contato direto com as crianças e elas se transformaram em uma fonte de encorajamento para mim, e eu para elas e suas mães. Chorávamos juntas, ríamos juntas, compartilhávamos nossas alegrias e dores até a minha cura. A minha forma de retribuir, um pouco, de tudo que fizeram por mim, foi de seguir com o projeto que começou com uma simples ajuda e mal eu sabia que a história daquela família, transformaria a minha vida e de tantas outras mães”.

Em 2017, o projeto cresceu e conquistou muitos corações para o voluntariado, seja através de doações materiais ou de parte do tempo para estar ao lado desses pequenos pacientes, lendo uma história, passeando quando eles são liberados para atividades ao ar livre. “Todo tipo de ajuda é bem-vinda, desde orações sempre respeitando a religião de cada família. As ações itinerantes de doação de sangue, medula óssea, campanha de doação de materiais de higiene pessoal, máscaras, álcool em gel, alimentos e diversas outras atividades quem acontecem na minha casa que em alguns dias do mês vira uma sala de cinema para os pequenos e por lá a diversão é garantida. É como se tudo de ruim virasse ficção”, explica.

No final do ano passado, o projeto ganhou as telas de uma emissora local e foi assim que uma das diretoras do Sindicato na região, Rafaela Carletto, conheceu o “Amigos dos Anjos de Deus”. “Desde que a vi pela tv , falei com uma pessoa de outro projeto que me passou o contato dela. Conheci a história do projeto, comecei a ajudar e pedi ajuda da diretoria do Sindicato, que também faço parte, e a pauta foi atendida”, comenta.

“Essas mães e seus filhos precisam muito mais do que doações, elas representam a dor de muitas famílias nessa pandemia, que sofrem com a falta de políticas públicas eficazes na área da saúde, econômica e social. Por isso defendemos a volta do auxílio emergência e a vacina para todos e todas já”, afirma a presidenta do Sindicato, Tatiana Oliveira.

Como ajudar?!

A sede do projeto, que funciona na casa da Aldenora, está localizada no Residencial Salvação – Rua Amarelinho, 2154 (entre Pardal e Gavião Real). O telefone para contato para outras doações é o (93) 99114-6592.

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“Quem tem fome tem pressa”

Em um ano de pandemia, com milhares de brasileiras e brasileiros desempregados, alguns sobreviveram apenas com o auxílio emergencial, instituído graças à pressão de parlamentares, a maioria oposição ao Governo Federal, e que terminou ano passado, mas o Sindicato, para minimizar a dor e a fome de várias famílias ampliou as bandeiras de luta da categoria e estendeu a solidariedade àqueles que mais precisam, e aderiu à campanha da CUT e mais 7 entidades “Quem tem fome tem pressa”.

Contribua doando alimentos não-perecíveis ou materiais de higiene pessoal. A sede do Sindicato, em Belém, é um dos pontos de coleta.

 

Fonte: Bancários PA com Canguru News

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