Após grande expectativa ao longo do ano, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 30, terá início, nesta terça-feira, dia 10, em Belém do Pará. O evento, que segue até o dia 21 e deve reunir cerca de 50 mil pessoas, está sendo encarado como uma oportunidade crucial para o Brasil exercer um protagonismo coerente com sua importância socioambiental.
Já no dia 12 de novembro, a CUT participará de um painel na programação oficial da COP 30, intitulado “O Mundo do trabalho e a Transição Justa: O Papel dos Sindicatos e da Negociação Coletiva”.
O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, participará do painel, junto com outras lideranças brasileiras e internacionais do movimento sindical e do mundo do trabalho, ministros, OIT e representante da indústria nacional.
“Nosso papel é debater e propor que a urgente e imprescindível transição para uma economia verde, de baixo carbono, seja justa e não precarize o trabalho e os direitos da classe trabalhadora, que proteja contra o desemprego e a precarização, que gere trabalho decente”, disse Sérgio Nobre, em suas redes sociais,
Ele afirmou ainda que uma transição justa “exige um planejamento com a participação da classe trabalhadora e das comunidades, promovendo novos modelos de produção e consumo mais equitativos e sustentáveis”. Neste mesmo dia, será lançada a Pauta da Classe Trabalhadora 2025: Trabalho e Meio Ambiente – COP 30.
Paralelamente à agenda oficial, a cidade sedia a Cúpula dos Povos, um espaço autônomo e de resistência popular que se estenderá de 12 a 16 de novembro na Universidade Federal do Pará (UFPA) e que reúne mais de 1.100 movimentos sociais, entre e organizações da sociedade civil, entre eles a CUT.
A CUT tem se preparado intensamente e está ativamente envolvida na organização da Cúpula dos Povos, integrando a Comissão Política e a linha de frente da mobilização. A atuação da Central está focada em garantir que a transformação econômica e ambiental não precarize o trabalho nem aprofunde a exclusão social.
A principal bandeira da CUT na COP 30 é a Transição Justa, defendendo que a mudança para uma economia de baixo carbono seja planejada com a participação da classe trabalhadora, promovendo trabalho decente.
As demandas da CUT incluem:
. A defesa de trabalho decente, proteção social e liberdade sindical.
. A reivindicação de financiamento climático justo e transparente.
. A criação do Mecanismo de Ação de Belém (BAM) na UNFCCC para coordenar políticas de Transição Justa.
. A integração da Transição Justa nos planos nacionais de clima (NDCs, NAPs e LT-LEDS).
Atuação da Central
Em entrevista ao Portal da CUT, o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antônio Lisboa, reforçou que a COP 30 trata de questões que impactam diretamente a vida da classe trabalhadora e que o debate sobre o tema deve preparar o movimento sindical não apenas para o evento, mas também para atuar em reivindicações cotidianas.
“Quando perguntamos o que a COP 30 tem a ver conosco, é isso. A crise climática impacta diretamente nas nossas vidas. Uma das questões que os trabalhadores levarão à COP é a transição justa, que é mudar o modelo de produção poluente para um modelo sustentável, mas não às custas de direitos laborais, direitos humanos, salários e condições de vida e trabalho”, afirmou.
Lisboa complementou que a sociedade também precisa se apropriar do tema: “É fundamental que a sociedade e a classe trabalhadora se apropriem, se envolvam, tomem conhecimento do tema, participem das questões discutidas”.
A Força da Cúpula dos Povos
A Cúpula dos Povos é apresentada não como um evento paralelo, mas como o verdadeiro palco popular da justiça climática. Organizada coletivamente por aproximadamente 1.100 movimentos sociais, organizações comunitárias e redes internacionais de 62 países, a Cúpula espera reunir 30 mil pessoas.
O movimento atua como um contraponto às negociações dominadas por governos e corporações, focando em vidas, direitos e territórios, em vez de meras metas numéricas. O objetivo é construir soluções elaboradas a partir das experiências concretas das comunidades que mais sofrem com os impactos da crise climática, como povos originários, populações tradicionais e juventudes periféricas.
A agenda da Cúpula é guiada por seis eixos centrais, que abrangem desde a defesa da soberania alimentar e dos territórios até a transição energética justa e o enfrentamento ao poder corporativo. As demandas são claras: justiça climática global, proteção dos direitos humanos, uma transição energética que não penalize os mais vulneráveis e a valorização da agroecologia como alternativa viável.
Para a secretária de Meio Ambiente da CUT, Rosalina Amorim, as expectativas “são das melhores possíveis”.
“Por ser sediada no Brasil, com um governo progressista, espera-se que seja uma COP que vai abraçar a sociedade como um todo, a participação da sociedade como um todo, permitindo uma participação popular ampla, ao contrário de edições anteriores em países menos democráticos”, disse dirigente durante Podcast da CUT.
Abertura com Barqueata e protesto contra o lobby fóssil
A abertura popular da Cúpula dos Povos acontece no dia 12, com o acolhimento das delegações. A manhã do dia 12 será marcada pela Barqueata no Rio Guamá.
Este ato de abertura contará com barcos vindos de diversas comunidades ribeirinhas, somando-se a delegações nacionais e internacionais, com a participação prevista de aproximadamente 250 barcos. A mobilização, que inclui a chegada da Barqueata Internacional de Carbono Zero, serve para desafiar o lobby fóssil da COP 30 e materializa a defesa dos territórios e “maretórios”.
Programação completa
A programação detalhada da Cúpula dos Povos, incluindo os dias temáticos (13 e 14 de novembro), a grande marcha popular (15 de novembro) e a leitura da declaração final (16 de novembro), está disponível para consulta.
Veja aqui o calendário completo de atividades da Cúpula dos Povos
A Cúpula dos Povos reforça que a justiça climática só será real quando os povos estiverem juntos e mobilizados. Diante do foco da CUT na Transição Justa e no trabalho decente, que medidas específicas o movimento sindical propõe para que a transição energética no Brasil, especialmente na Amazônia, não gere desemprego ou precarização para os trabalhadores afetados?
Fonte: CUT Brasil