Depois da 19ª Conferência Bancária, categoria paraense se prepara rumo à 26ª Conferência Nacional

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Bancários e bancárias participaram dos dois dias da 19ª Conferência Bancária do Pará, na sede do Sindicato em Belém.

O último sábado (11) foi de apresentação, defesa e deliberação das propostas do Pará para a minuta geral de reivindicações da categoria bancária, que será levada para a 26ª Conferência Nacional dos Bancários e Bancárias, lá em São Paulo, pela delegação eleita ao final da 19ª Conferência Bancária (formação completa no final da matéria) .

“São esses nossos colegas que têm o compromisso de representar todas as demandas aqui discutidas, e mais do que isso, trazer de lá todo o debate feito, para divulgar e mobilizar a categoria no local de trabalho. É lá na capital paulista que as pautas que entrarão no documento final a ser entregue à Federação Nacional dos Bancos, bem como as direções dos bancos públicos, são aprovadas. Depois da cerimônia de entrega, o calendário de negociação geral e específica é definido. A construção da nossa Campanha Nacional é coletiva, e por isso, o Sindicato dos Bancários agradece a presença de todos e todas”, destaca a presidenta do Sindicato, Tatiana Oliveira, que também é bancária da Caixa.

Cristina Pinheiro é bancária do Banpará em Primavera, mas mora em Capanema, e de segunda a sexta percorre 70 km para ir e voltar do trabalho; mas no final da tarde de sexta-feira (10), o destino foi Belém; e na bagagem, as demandas dos colegas. “É a primeira vez que estou participando, então para mim é um marco muito importante, porque é onde nós vamos poder apresentar nossas sugestões, as nossas dificuldades, a nossa realidade enquanto bancários do interior, que não é fácil. Não podemos deixar essas nossas demandas para quem não vivencia, ela tem que ser reivindicada por nós que vivenciamos. Então essa oportunidade, esse espaço que está tendo é fundamental, ele é a base para nós tentarmos conseguir melhorias para a nossa classe”, afirma a bancária.

A aprovação das propostas e eleição da delegação paraense rumo a São Paulo marcaram o encerramento da 19ª Conferência Bancária do Pará que, no sábado (11), começou com a apresentação da conjuntura do setor financeiro e impactos no emprego bancário com base na Pesquisa do Emprego Bancário referente ao primeiro bimestre de 2024, elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Segundo o estudo, na análise dos dados nos últimos 10 anos, a categoria bancária cresceu no Pará; em Belém, entretanto, foram fechados 431 postos de trabalho. “De 2013 a 2022 tiveram 760 postos de trabalho a mais, isso se deve muito em função do aumento de unidades do Banpará, que no mesmo período, aumentou em 12%. Então isso é uma coisa que a gente precisa enfatizar e precisa trazer isso para discussão, porque tal aumento é inversamente proporcional às condições de trabalho nas agências, especialmente do interior; e também ao cenário nacional, que no acumulado dos últimos 12 meses, houve uma eliminação de 4.171 postos de trabalho bancário. É necessário a gente fazer esse tipo de discussão, já existem as discussões nacionais, mas é imprescindível essa discussão estadual, regional, porque cada estado tem as suas características, as suas especificidades, dificuldades dos próprios bancários, o banco estadual. Então esse evento traz a importância de que a gente entenda especificamente as necessidades pontuais daqui do estado do Pará, para que isso seja levado à Conferência Nacional e debatido para toda categoria nacionalmente”, ressalta a técnica do Dieese na subseção federal no Rio de Janeiro, Milena Alves.

Mas a Campanha Nacional da categoria bancária vai muito além de melhores salários e condições de trabalho. “O Brasil está crescendo e precisa crescer ainda mais, mas para isso se concretizar, outra pauta defendida pelas entidades e centrais sindicais são os juros baixos. Apesar do discurso de controle da inflação, diversos estudos demonstram que juros altos são péssimos para o desenvolvimento econômico, o que, por consequência, prejudica a população brasileira, em especial as camadas de mais baixa renda. É a classe trabalhadora que sofre pagando juros altos em financiamentos, cartão de crédito e todas as demais operações financeiras”, defende a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, que participou do primeiro dia da Conferência via internet.

Usada como controle da inflação, a taxa de juros definida pelo Banco Central (BC), a Selic, serve como referência para todas as outras taxas de juros do país e vem se mantendo em patamares elevados há quase três anos. Atualmente está em 10,75% ao ano e ainda é uma das mais altas do mundo, ainda que o Conselho de Política Monetária (Copom) venha reduzindo a taxa a “a conta-gotas”.

Categoria adoecida

Se por um lado, os quatro maiores bancos brasileiros listados tiveram lucro líquido de R$ 26,303 bilhões no primeiro trimestre deste ano, de acordo com dados reunidos pelo Broadcast. Por outro lado, aqueles que estão na ponta e contribuem para tais números, estão adoecidos, o que revela a pesquisa “Avaliação dos Modelos de Gestão e das Patologias do Trabalho Bancário”, realizada pela Secretaria de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, em colaboração com pesquisadores do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, para a Federação Nacional dos Bancos.

Cerca de 80% dos trabalhadores do ramo financeiro declaram ter tido pelo menos um problema de saúde relacionado ao trabalho no último ano. Deles, quase metade está em acompanhamento psiquiátrico. O principal motivo declarado para buscar tratamento médico foi o trabalho. Entre os que estão em acompanhamento psiquiátrico, 91,5% estão utilizando medicações prescritas pelo psiquiatra, um percentual que cai para 64,4% entre os que estão em outros tipos de acompanhamentos médicos.

“O estudo realizado pela Contraf-CUT ressalta a urgência de compreender e abordar os efeitos danosos do modelo de gestão dos bancos na saúde mental dos trabalhadores e trabalhadoras. A implementação de medidas preventivas e intervenções adequadas se faz essencial para assegurar um ambiente de trabalho saudável e seguro para todos os bancários e bancárias”, afirma o secretário de saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles, que participou da Conferência via plataforma online.

O que o estudo revela, a dramaturgia explica junto com a realidade. A participação do secretário de saúde da Contraf-CUT foi precedida por uma encenação da artista da palhaça, Romana Melo, que ‘interrompeu’ a 19ª Conferência Bancária do Pará e sem nenhuma palavra, apenas encenações que retratam o dia a dia de muitos bancários e bancárias adoecidos, seguida por um grito de desespero em forma de pedido de ajuda que chega entoada pela canção ‘Contato imediato, do Arnaldo Antunes’ – peço por favor, se alguém de longe me escutar, que venha aqui pra me buscar, me leve para passear; levou bancários e bancárias às lágrimas.

“Porque eu me vi, eu me vi ali, sobrecarregada cobrada para ser perfeita, para ser eficiente em casa, no trabalho, como mulher, como mãe. E a gente chega naquele limite, aquele grito que ela deu ali, eu me senti gritando junto com ela, porque essa é a vontade que dá às vezes, de gritar, sair correndo, porque a gente chega aqui na hora que o copo transborda, e a gente passa por aquela fase que estou também, com aquele monte de caixinha de remédios, é terrível. E a apresentação me tocou muito mesmo”, desabafou a bancária da Caixa em Santarém, Jacilene Pimentel.

“É preciso ter solidariedade”

“Tem a pressão pela função comissionada, ter o melhor desempenho, fazer o melhor serviço, então são várias pressões; pressões organizacionais, pressões psicológicas, pressões patronais. Nós temos como Sindicato, colegas trabalhadores e trabalhadoras ter solidariedade quando esse colega começa a chorar, a ir para o banheiro, fazer automedicação. Solidariedade em forma de acolhimento, de escuta, de compartilhar o trabalho, de oferecer ajuda e orientar pela busca da ajuda profissional”, aconselha a você-presidenta do Sindicato, Vera Paoloni, que também é bancária do Banpará.

Delegação paraense eleita rumo à 26ª Conferência Nacional dos Bancários e Bancárias

Titulares:

Ana Perpétua (BB Itaituba)
Cristiano Moreno (ambos Basa Belém)
Eliana Lima (Bradesco Belém)
Everson Quaresma (Banpará Belém)
Márcio Saldanha (Santander Belém)
Heládia Carvalho (Bradesco Belém)
Marcelo Santos (Banpará Santarém)
Rubens Tabajara (Banco da Amazônia Belém)
Salete Gomes (Banpará Belém)
Suzana Gaia (Caixa Belém)
Vera Paoloni (Banpará Belém)
Wellington Araújo (BB Marabá)

Suplentes:

Cristina Pinheiro (Banpará Primavera)
Fabianny Cardoso (Banpará Belém)
Heidiany Moreno (Banpará Marabá)
José Maria Costa (Banpará Belém)
Otoniel Costa (Banpará Belém)
Tiago Celestino (Banpará Melgaço)

 

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Fonte: Bancários PA com Contraf-CUT e Broadcast

 

 

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