#medeixatreinarempaz: Dirigente sindical é vítima de importunação sexual em Belém

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No meio da Av. João Paulo II tinha um assediador que escolhia suas vítimas, mulheres, de forma premeditada: primeiras horas da manhã, corredoras ou ciclistas no momento em que elas percorriam trechos da via sem nenhuma câmera de segurança, mesmo ele estando de capacete em uma moto sem placa.

Mas o que ele não contava é que diferente dele, que se esconde para não deixar provas do crime, uma das vítimas, mesmo envergonhada, usou as redes sociais para expor o constrangimento sofrido durante mais uma manhã de rotina de atividade física ao ar livre.

“Eu consegui vê-lo se aproximando e me desvencilhei. Ele passou adiante como se estivesse esperando eu continuar o pedal, mas eu mudei minha rota para me proteger, gritei e ele foi embora. A minha revolta é maior que qualquer sentimento de vergonha, medo ou humilhação que senti, tanto é que fiz o boletim virtual e depois compareci à delegacia para formalizar a denúncia e já fui intimada para retornar e prestar depoimento. A primeira vez que sofri esse tipo de assédio, na avenida Júlio César eu não levei adiante, mas dessa vez, por mim e por todas as mulheres que já sofreram o que muitos ainda insistem em chamar de cantada, eu não vou mais me calar”, afirma a diretora do Sindicato e bancária da Caixa, Cristiane Aleixo.

O desabafo dela foi compartilhado também em vários grupos de corrida, outros relatos semelhantes de vítimas surgiram e uma parte deles foi parar na televisão. Todas as histórias têm nomes, sobrenomes, devidamente identificadas, como o da dirigente sindical; e os grupos nos aplicativos de mensagem instantânea que surgiram com o objetivo inicial de divulgar eventos, dicas de saúde, motivação e também de proteção, ganhou uma nova finalidade, de resistência, não a no sentido físico que elas já conhecem da atividade esportiva.

“Correr pra mim sempre foi sinônimo de resistência física, pela saúde do meu corpo e da minha mente, mas agora é também uma forma de dizer não à importunação sexual e pelo direito de todas nós podermos correr com a roupa que nos sentimos confortável, na hora que pudermos, sozinha ou acompanhada, mesmo que em grupo seja a forma mais segura. Por enquanto, por causa do medo que ainda sinto, parei o pedal, mas a minha voz, essa ninguém cala”, desabafa Cristiane Aleixo.

Importunação sexual não é assédio. Os dois são crimes. Entenda a diferença e denuncie!

O assédio pode ser moral e sexual e ambos são crimes. O primeiro ocorre normalmente no âmbito das relações de trabalho, em que há um superior hierárquico que constrange seu subordinado. O segundo consiste em constranger alguém, mediante palavras, gestos ou atos, com o fim de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o assediador – agente –, da sua condição de superior hierárquico ou da ascendência inerente ao exercício de cargo, emprego ou função.

Já a importunação sexual que até 2018 era “punida” como contravenção penal, com pena em pagamento de multa; hoje essa prática libidinosa que ocorre nas ruas, nos meios de transporte ou em outros lugares, é crime com pena de reclusão de um a cinco anos.

Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup) 142 denúncias de importunação sexual foram registradas nos três primeiros meses desse ano em todo o Pará. As vítimas podem fazer o registro na Delegacia da Mulher ou na do bairro mais próximo onde o crime ocorreu.

#medeixatreinarempaz – chega de assédio

A repercussão dos casos também ganhou hashtag, perfil próprio nas redes sociais e a união de várias mulheres esportistas pelo mesmo pedido #medeixatreinarempaz – chega de assédio.

No próximo sábado, dia 15, às 5h30, o direito que se transformou em reivindicação sairá do mundo virtual para ocupar as ruas. “Vamos fazer um treinão usando a camisa que traz estampada nossa hashtag #medeixatreinarempaz – chega de assédio”, explica a dirigente sindical.

A concentração será em frente ao Santuário de Fátima, localizado na Av. Duque de Caxias, no bairro de Fátima, em Belém.

 

 

Fonte: Bancários PA, com JL1 e Jornal Periscópio

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