Sindicato forte: Dirigentes, delegados e delegadas sindicais participam de curso de formação sindical

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A última sexta e sábado (15 e 16 de março) foram dias de formação e confraternização para os dirigentes, delegados e delegadas sindicais, na sede do Sindicato em Belém. Mas para Geiza Rocha, delegada pela primeira vez como bancária do Banpará, em Mojuí dos Campos; o mesmo dia teve mais um motivo especial.

“Hoje eu faço 9 anos no Banpará e de filiada ao Sindicato também. Desde que eu entrei, na primeira vez do Sindicato no meu banco eu já me filiei; não só pela importância do Sindicato em si, mas porque a gente vê a atuação do Sindicato dos Bancários muito grande, nosso Sindicato é um dos sindicatos mais fortes. Então eu acho muito importante se filiar, justamente para fazer parte, incentivar o nosso movimento. Então o que você está esperando para fazer do Sindicato? Bora lá, fazer a nossa parte, participar mais ativamente do movimento”, convida Geiza Rocha.

Assim como ela, mas em outra região do Pará, o também delegado e bancário do Basa, Homero Pinheiro, se filiou assim que tomou posse como bancário lá em Tucumã, há 6 anos; desses, 1 ano como delegado sindical.

“Eu vejo que isso (sindicalização) é de extrema importância para a minha classe. Ter pessoas sindicalizadas para fazer aumentar a nossa representatividade. E uma coisa que, depois de me tornar um delegado sindical, eu faço questão de fazer, quando chegam novos funcionários, é de apresentar o site do Sindicato, mostrar todas as abas, mostrar o nosso acordo de trabalho, ler cada item; dizer para eles que eles não são obrigados a ser sindicalizados, mas eu como delegado tenho o dever de mostrar o que é Sindicato, para que serve o Sindicato, quais as lutas do Sindicato. Mostrar que as conquistas que os bancários têm hoje são frutos de grandes lutas de muitos tempos, que os sindicatos, os trabalhadores vieram conseguindo ao longo do tempo; e que salário, plano de saúde, auxílio-creche, vale-alimentação; coisas que eles buscam, que eles estão atrás, são exatamente conquistas da classe trabalhadora”, destaca Homero Pinheiro.

Geiza, Homero e mais outros 34 delegados e delegadas sindicais, a maioria do interior do Estado, juntamente com os diretores e diretoras do Sindicato, trouxeram experiências e levaram novos aprendizados em dois dias de formação. “Buscar conhecimento, trazer as demandas das agências, essa troca de informações é muito importante, eu digo que ela é vital para que a gente ganhe músculos e movimente o movimento sindical, a conscientização de classe dos trabalhadores como um todo. A gente sabe que fazer o sindicalismo no estado do Pará, assim como no Brasil, dada as grandes dimensões territoriais não é tarefa fácil. A gente tem colegas daqui que passaram horas em barco, ônibus, carro, enfim; movimentam-se em busca de conhecimento”, destaca a diretora de formação, Cristiane Aleixo.

Para Homero chegar à sede do Sindicato, ele saiu de Tucumã até Marabá de ônibus, e de Marabá para a capital de avião, num total de 9 horas de viagem; enquanto Geiza saiu, de carro, de Mojuí para Santarém direto para o aeroporto com destino a Belém.

“Está sendo uma experiência diferente, estou participando mais ativamente do movimento. Eu acabei resolvendo, juntamente com o Sindicato, alguns problemas que tinham na nossa agência. É muito importante a atuação do Sindicato dentro das agências, faz total diferença. Tinham coisas que a gente não estava conseguindo resolver diretamente com o Banpará, enfim, muitos empecilhos, e a partir do momento em que o Sindicato se meteu a gente conseguiu resolver, inclusive as centrais já chegaram e serão instaladas na próxima semana. Nosso autoatendimento estava parado sem central acho que uns dois ou três anos”, conta a delegada sindical.

O movimento a qual ela se refere teve sua história contada em depoimentos de ex-presidentes do Sindicato, e ainda com riqueza de detalhes pelo assessor de formação da Fetec-CUT/CN, Jeter Gomes. Sindicato e Federação são entidades sindicais filiadas à maior central da América Latina, a CUT.

“Não importa quantas correntes tem no sindicalismo, não importa a coloração; tem que buscar, buscar, não quer dizer que vai conseguir sempre, mas buscar a unidade na luta; então esses são os princípios fundantes, que estruturam a proposta do novo sindicalismo que desemboca na CUT”, explica o assessor.

Aqui no Pará, a CUT é presidida por uma bancária que também foi presidenta do Sindicato, Vera Paoloni que durante o curso de formação falou sobre o surgimento da Central em meio à Ditadura Militar.

“É assim que começa a minha militância partidária, então quando vem o nascimento da CUT, que ano passado fez 40 anos. Fizemos as greves, lutamos contra a trimestralidade, lutamos contra a inflação alta, lutamos quando um colega era demitido; fizemos todas as lutas possíveis e fomos construindo e fortalecendo esse Sindicato junto com a nossa Central”, lembra Vera Paoloni.

E foi sobre “relações de gênero nos espaços mistos” que a terceira mulher presidenta, Tatiana Oliveira, em 90 anos de existência e resistência da entidade sindical, falou. “Quando a gente pensa, por exemplo, no número de delegados e delegadas sindicais. A gente não precisa fazer muita conta para ver que tem um número bem maior de delegados sindicais homens do que mulheres. Quem nunca observou que quando tem oportunidade de carreira, por exemplo – ah, você pode ser GG num município tal, o homem na hora aceita. O inverso, ele quase nunca acontece. Então, muitas mulheres, até por historicamente priorizarem a família, terem essa construção social, elas dizem ‘não, pera aí, eu vou pensar’ – então elas dizem logo que não podem, porque aquilo vai romper com o papel social do ser mulher que é priorizar a família”.

O debate também contou com a fala da diretora de mulheres do Sindicato, Salete Gomes, que salientou que a maternidade não pode ser um peso e uma obrigação das mulheres, devendo ser respeitadas as escolhas individuais e, que haja responsabilidade coletiva com as crianças, inclusive dos governos e das empresas.

Rumo à Campanha Nacional

No último dia de formação, os delegados e delegadas que são todos bancários e bancárias de bancos públicos reuniram-se em grupos específicos para juntos já traçarem um esboço da minuta de reivindicações a ser entregue aos banqueiros na Campanha Nacional deste ano que tem os Encontros e a Conferência Estadual como pontapé inicial.

Formação permanente

“Com essa turma aqui, nós já completamos desde o abril do ano passado, 12 turmas em que 380 dirigentes e delegados passaram por essas turmas no Brasil inteiro; e essa de fato é a turma que acho que ficou de fato com mais profundidade, abertura, sensibilidade; e esse é o papel da formação. Então eu acho que foi, na minha visão, cumpriu bastante o papel, é óbvio que a formação, como a gente fala, ela tem que ser permanente, ela não acaba aqui, isso aqui é uma sistematização de uma luta muito antiga”, afirma o secretário de formação da Contraf-CUT, Rafael Zanon.

 

Fonte: Bancários PA

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