Sindicato marca presença em audiência pública sobre privatização dos Correios

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Quais as consequências se os Correios fossem privatizados? Quais os motivos para se falar em privatização? Essas foram as perguntas norteadoras da audiência pública feita no auditório João Batista da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), na última quarta-feira (22), onde o Sindicato dos Bancários do Pará esteve presente em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos do Estado do Pará (SINCORT/PA), com o mandato do deputado Carlos Bordalo (PT) e da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor (CDHDC) da Alepa.

No auditório repleto de trabalhadores e representantes da categoria, a mesa da audiência contou com Israel Pereira, presidente do SINCORT, Tatiana Oliveira, vice-presidenta do Sindicato dos Bancários, Vera Paoloni, diretora do Sindicato dos Bancários e representante da CUT, Ana Helena, representante da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos (FENTEC) e Feliciano Moraes, representante da Associação dos Aposentados do Pará e Amapá (APOSENCAP/PA), além do deputado Carlos Bordalo, que presidiu a mesa.

Na abertura da sessão, Carlos Bordalo ressaltou que apesar das diversas ameaças de privatização sofridas no país com o passar dos anos, nada se compara às ameaças feitas pelo atual governo de Jair Bolsonaro, em tão pouco tempo de mandato. O deputado questionou o motivo de privatizar os Correios e qual seria o interesse.

“Nesse tipo de governo sempre há uma só política: os serviços públicos que são ofertados para todos, devem ser ofertados para poucos. Imagine: se eu sou dono de uma empresa e compro os Correios, olho minha planilha e vejo o município de Nova Esperança do Piriá e pergunto: quanto eu lucro nesse local? Se a resposta é nada, eu mando fechar. E como ficam as pessoas dessa região? Vendo desse ponto de vista o empresário está certo, quem está errado é quem entrega uma empresa de 300 anos na mão de capitalista”, pontua.

Israel Pereira, presidente do SINCORT, iniciou lembrando que o artigo 21 da Constituição Federal diz que compete a União manter o serviço postal. Ou seja, o Governo Federal e a União são obrigados a universalizar o serviço postal em todo país. Israel também frisou que os Correios não dependem de recurso do tesouro nacional para custear as suas despesas, pois são auto suficientes.

Ademais, Israel Pereira questionou os motivos que o governo dá para privatizar os Correios. Entre eles, a desculpa de haver interferência política na empresa, razão dada por um governo que interfere na Polícia Federal, na Receita Federal, na troca do presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e que interfere em outros setores.

“Só vemos o governo atacar os Correios com falas. Em momento algum, eles mostram algum tipo de argumento técnico ou números. Eles não propõem a verdade para tentar convencer a sociedade com mentiras. Correios privados são minorias em todo o mundo, apenas oito países têm esse serviço 100% privado. Além de que todos esses oito países cabem dentro do estado de Mato Grosso, ou seja, são locais que não possuem as complicações territoriais do Brasil. Em Portugal e na Argentina, a privatização foi tão ruim que os países passam agora por uma reestatização”, completa o presidente do SINCORT.

Tatiana Oliveira, vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará, ressaltou a importância de diferentes classes trabalhadoras se apoiarem, e lembrou que a categoria bancária também possui ameaças de privatização no Banco do Brasil, na Caixa Econômica, no Banco da Amazônia, no Banpará, e em outros bancos regionais.

“Nós temos uma categoria que está diminuindo, pois há muitos anos não abrem vagas em concursos, o governo tem anunciado planos de demissão um atrás do outro e as condições de trabalho estão cada vez piores.  O que o governo fala sobre o Correio ter corrupção, que o banco tal é uma caixa preta, é com a ideia de construir um pensamento de que aquilo que é público não presta, é ineficiente. Mas sabemos que isso não corresponde a verdade, e empresas como a Celpa, que foi privatizada no estado do Pará, possuem serviços ruins, com índices altos de queda de energia e tarifas altas. E quem sai perdendo é a população.”

Vera Paoloni, representante da CUT e diretora do Sindicato dos Bancários do Pará, salientou o mérito de lutar contra um governo que tira direitos do trabalhador e de toda sociedade. “Estamos falando de um governo que permite que a floresta Amazônica queime por 16 dias e não faz nada. Essa audiência é uma pedra no caminho desse governo, e vamos crescer ainda mais”.

Para finalizar, Israel Pereira,  presidente do SINCORT, lembrou que sem os Correios não há sistema unificado de educação, pois não há livros didáticos, não há campanha de vacinação, já que o medicamento não é transportado, não há pagamento de boa parte da população que recebe pelo Banco Postal, não há assistência eficaz em catástrofes, pois são os Correios que levam mantimentos e doações em desastres, e não é possível assegurar que concursos sejam mantidos em sigilo e com segurança.

A audiência terminou com o pedido de Tadeu Campos, vice-presidente do SINCORT, para que as resoluções sejam levadas a todos os deputados e prefeitos do estado, com a lembrança de que o projeto de fidelização dos Correios é essencial.

Pelo Sindicato dos Bancários, também estiveram presentes na audiência, o diretor Sergio Trindade e as diretoras Heládia Carvalho e Eliana Lima.

 

Fonte: Bancários PA

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