BB: entre a burrice e a ignorância

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BB entre a Burrice e a IgnorânciaPor Fábio Gian*

Já não é de hoje que o BB comete diversas atrocidades contra seus empregados: burla a jornada do trabalhador, faz uma sala de crédito escondida do público sem o atendimento à legislação específica como, por exemplo, sem o uso de equipamentos adequados, pressão doentia para o cumprimento de metas, assédio moral aos montes, fraude no GAT, etc.

Algumas aberrações, entretanto, tem se expandido e chegado ao ponto do banco aqui no Pará demitir trabalhador em gozo de benefício na previdência oficial, fato que o Sindicato reverteu na justiça, estando o trabalhador internado até hoje em hospital especializado para tratamento de doenças mentais.

Em todos esses casos percebemos um imenso despreparo por parte de alguns administradores locais que estão em áreas como assessoria jurídica, superintendência, gestão de pessoas, que, mesmo eu não conhecendo todos os critérios para a concorrência como gestores nestes órgãos, tenho convicção de que não envolve a leitura dos Acordos/Convenções assinados pelo banco com as entidades sindicais, documento de suma importância que rege nossa vida laboral, reconhecendo os direitos conquistados na luta da categoria, cujo sindicato tem distribuído aos seus associados este ano em formato de agenda.

Digo isto porque, longe de me surpreender (já vi tantas barbaridades no BB que não me surpreendo fácil), tenho percebido uma persistência amadora da administração local desse banco em se permanecer em erros nos quais a justiça do trabalho já se pronunciou sobre a questão, dando, por exemplo, ganho de causa ao trabalhador como vimos cerca de um ano atrás no descomissionamento ilegal de uma bancária que feria o ACT 2010/2011 em sua cláusula 42, volta a se repetir agora em outra agência: a Presidente Vargas.

Sobre aquele descomissionamento ocorrido na agência Nazaré em março de 2011, o banco já perdeu em duas instâncias judiciais, tendo sido mantida liminar em tutela antecipada pela 01ª Turma do TRT 8ª região que reconduziu a trabalhadora a sua função. Para quem não se lembra, o BB, naquele momento, não deixou o Sindicato entrar na agência, além de desmarcar uma reunião na Super para tratar do assunto.

A agência Presidente Vargas, que repetiu semana passada o mesmo ato de descomisionamento em afronta explícita ao que fora assinado com o movimento sindical em sua cláusula 42 do ACT vigente (que também pode ser lido na IN 369-1) ignora amplamente todos esses normativos de proteção ao trabalhador quando absurdamente tenta justificar um descomissionamento com base na GDP do funcionário que não está insatisfatória.

Talvez eu ainda fique batendo cabeça para tentar compreender o que poderia causar comportamentos tão ridículos apresentados pelos que, de alguma forma, participaram desse descomissionamento: ignorância aos normativos, burrice generalizada (acho sinceramente que não) ou perseguição a quem que, de alguma forma, responda com honestidade uma injustiça (um Pedido de Informação, quem sabe?) e incomode quem se acha dono, ou dona, do Banco?

Enviamos, na data de hoje, ofício junto ao presidente do banco e ao vice-presidente de gestão de pessoas a quem cabe, a meu ver, desfazer esse ato ilegal, pois prefiro acreditar que pelos menos esses dois leram o que assinaram em outubro passado. Enviamos, também, cópia a auditoria do banco, órgão em que acredito que cabe apurar esses descumprimentos sistemáticos de INs (no caso aqui a IN 369-1 já desreipetada pelo menos duas vezes aqui no Pará), afinal de contas, não se pode ter dois pesos, duas medidas para se apurar descumprimento de INs, certo?

Por fim gente, se o BB está pagando pra vê a força do movimento sindical (pois parece que não sabe mesmo com quem está lidando) sentirá nossa resposta à altura.

O Sindicato dos Bancários do Pará não vai tolerar que nenhum banco descumpra Acordo Coletivo assinado em mesa de negociação. O Sindicato levará este caso até as últimas conseqüências.

*Fábio Gian é funcionário do BB e diretor de comunicação do Sindicato

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