Itaú lucra com demissões e Sindicato protesta debaixo de chuva

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Mesmo sob muita chuva em Belém, entidades sindicais foram às ruas nesta quinta denunciar o lucro do Itaú com demissões na pandemia

Em menos de dois meses de 2021 o Itaú já demitiu 13 bancários e bancárias no Pará sem justa causa. Isso representa uma média de 6 trabalhadores e trabalhadoras sem emprego por mês, cerca de 2 desligamentos por semana, somente aqui no estado. Essa é a dura realidade por trás dos bastidores e dentro das agências do Itaú, que no ano passado obteve lucro líquido de R$ 18,91 bilhões.

Mas além das demissões no Itaú em todo o Pará, outra notícia que você também não vai ver nem na imprensa local e muito menos nacional é a de que nesta quinta-feira (18), mesmo debaixo de muita chuva em Belém, o Sindicato dos Bancários do Pará, a Contraf-CUT e Fetec-CUT/CN realizaram um Dia de Luta contra o descumprimento do compromisso da direção do Itaú de não demitir durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Em protesto, as agências Doca e Personalité estiveram paralisadas durante todo o dia.


“Os números de demissões podem ser ainda maiores, pois desde a implantação da ‘reforma’ trabalhista, em 2017, não há mais necessidade da homologação sindical para as rescisões trabalhistas, não importando o tempo de contrato, o que é extremamente ruim para o empregado que pode ter perdas salariais, sem saber, junto com a demissão. Tudo isso em meio a uma pandemia, onde a renda de muitas famílias despencou, o país bate mais um recorde de desempregados e o Pará está acima da média da taxa nacional de desemprego, segundo o IBGE”, destaca a presidenta do Sindicato, Tatiana Oliveira.

Segundo o levantamento do Instituto, o Brasil encerrou o mês de outubro de 2020, com um contingente de 13,8 milhões, cerca de 3,6 milhões a mais que o registrado em maio, o que corresponde a uma alta de 35,9% no período. Com isso, a taxa de desemprego ficou em 14,1%, a maior da série.


“Estamos em meio a uma crise sanitária mundial, em que os bancos deveriam ter o mínimo de bom senso e humanidade e preservar os empregos durante esse período de incertezas diárias, mas os banqueiros continuam pensando tão somente em como não ter prejuízos e seguir garantindo lucros. Isso prova que o sistema financeiro continua rentável no Brasil e não há motivo para demissão de seus trabalhadores, mas sim a necessidade de aumentar o nível de emprego na categoria. Pra gente, a vida vale mais que o lucro e além de estarmos hoje aqui nessa manifestação pacifica em solidariedade aos nossos colegas, nos colocamos também a disposição de todos aqueles que tiverem o interesse em ingressar com ações de reintegração na justiça”, afirma o diretor do Sindicato e bancário do Itaú, Sandro Mattos.

No ano passado, o Itaú obteve um lucro líquido de R$ 18,91 bilhões, contra R$ 26,58 bilhões em 2019 (-28,87%). De acordo com o banco, a despeito do resultado menor, houve sinais de melhora no 4º trimestre de 2020, com crescimento da carteira de crédito na maior parte dos segmentos.

Também no final do 4º trimestre de 2020, a holding contava com 83.919 empregados no país, com crescimento de 2.228 mil postos de trabalho em doze meses, mas uma redução de 353 postos em relação ao trimestre anterior. Importante salientar que, a partir do segundo trimestre, o total de empregados passou a considerar também os trabalhadores da ZUP (empresa de tecnologia adquirida em outubro de 2019). Em doze meses, foram fechadas 117 agências físicas no Brasil e não foi aberta nenhuma agência digital.

A dor de uma demissão

Talvez você que esteja lendo essa matéria agora não consiga imaginar o sofrimento de quem vive a situação de, no meio do seu expediente, receber a notícia da própria demissão. Abaixo, o relato de uma funcionária do Itaú, que pediu para não ser identificada, e que vive nesse momento uma das situações mais difícil e angustiante para qualquer trabalhador e trabalhadora.

A ela e a todos os bancários e bancárias que enfrentam a dor de uma demissão sem justa causa, em plena pandemia, toda  solidariedade do Sindicato que segue na luta em defesa dos direitos da categoria bancária e da classe trabalhadora.

“Eu era caixa no Itaú há quase 8 anos. No momento de meu desligamento estava de caixa aberto, porém havia saído para tomar uma água, minha gerente estava na cozinha também quando ela recebeu uma ligação e se retirou. Ao voltar já veio com minha carta de rescisão na mão. E me disse que ela nem sabia como me dar a notícia. Mas que o GSO havia ligado e pedido pra ela fazer meu desligamento. Perguntei o motivo, visto que era uma ótima funcionária. Inclusive, através de feedback informal, ela mesma me disse que estava pretendendo pedir minha promoção. Não me deixaram nem fechar o caixa. Não me deram um porque…

O sentimento que fica é de decepção, angústia e medo…

Decepção, por você se dedicar, fazer seu trabalho com integridade, qualidade, dar o melhor de si e ser descartada sem motivo plausível.

Angústia, quando você olha para o lado e vê todos que dependem de você. Marido desempregado, tenho um filho autista e o banco me proporcionou dar melhor qualidade de vida a ele.

E por fim, o medo… medo da incerteza do momento que vivemos hoje, medo do que ainda está por vir diante do cenário econômico. Medo de outra decepção profissional…

Eu estava passando por acompanhamento médico antes do desligamento, por diversos fatores, e receber a notícia acabou piorando ainda mais meu quadro.

Até sair minha reintegração pretendo cuidar da minha saúde, que não está nada boa. E me equilibrar emocionalmente, para que quando eu voltar possa estar bem para fazer meu trabalho da mesma forma de antes.

O Sindicato, neste momento, tem me dado todo apoio e as orientações necessárias para que eu possa requerer minha reintegração”, finaliza emocionada.

 

Fonte: Bancários PA com Contraf-CUT e Portal G1

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