Milhares de bancários e bancárias do Banco do Brasil (BB) em todo o país têm menos de uma semana para tomar uma decisão imposta pelo banco que pode mudar (para pior) o rumo da vida de todo esse funcionalismo.
Desde o início desta semana, o BB extinguiu todas as funções comissionadas de 8 horas, através de um novo plano de funções gratificadas de 6 horas e funções de confiança de 8 horas, e todos os comissionados que o banco entende estarem em função de confiança (FC) migrados unilateralmente. Os 22.000 bancários e bancárias têm até a próxima segunda-feira (4) para migrar para as novas funções de 6 horas, com redução de salários, ou ficar em suas funções de 8 horas em extinção.
Em repúdio a mais uma postura intransigente do Banco do Brasil, o Sindicato dos Bancários do Pará foi para a porta da superintendência em Belém, na manhã desta quinta (31), denunciar essa nova prática antissindical e de assédio moral.
“Na verdade não existe escolha por parte do trabalhador, ele está sendo obrigado a aceitar essa norma do banco, pois caso contrário, depois do prazo limite (6 dias) ele vai ser automaticamente descomissionado. Essa é mais uma prática antissindical do Banco do Brasil que quer parecer bonzinho reduzindo a jornada de trabalho para 6h, que é a jornada legal, mas também reduzindo o salário. Nossa orientação é de que o bancário não assine nenhum tipo de documento, até que a Contraf, federações e sindicatos ingresse com ações civis públicas para impedir o BB de exigir que seus empregados assinem o termo de posse”, orienta a presidenta do Sindicato, Rosalina Amorim.
Durante a manifestação foram distribuídos informativos para a população e para a categoria sobre o assunto. Palhaços também mostraram de uma forma lúdica a insatisfação dos trabalhadores e trabalhadoras que estão se sentindo humilhados e oprimidos com a mudança.
“Foram anos de muita luta, greve, manifestações para conquistarmos nossos reajustes salariais e do dia pra noite o Banco do Brasil quer reduzir em 16% nosso salário e ainda precarizar ainda mais nosso trabalho que vai continuar o mesmo, sendo que teremos que desenvolver nossas atividades, antes realizadas em 8h, em 6h; o que pode impactar demasiadamente na saúde e qualidade de vida do bancário. É dessa forma que o Banco do Brasil diz ser bom para todos?”, questiona o diretor do Sindicato e também funcionário do Banco do Brasil, Fábio Gian.
“Essas perdas podem ser ainda maiores quanto mais tempo de banco o trabalhador tiver, como por exemplo, letras de mérito e antiguidade. Infelizmente é dessa forma que o Banco do Brasil presenteia aqueles que têm mais tempo de dedicação ao banco. Não é a toa que o BB aparece na lista dos 100 maiores litigantes do judiciário. As estatísticas demonstram o grau de insatisfação dos bancários, clientes e usuários em relação do Banco do Brasil. E se depender da nossa entidade, o banco pode esperar mais uma ação”, destaca o diretor do Sindicato e funcionário do BB, Gilmar Santos.
“Essa não é a primeira vez que o Banco do Brasil desrespeita seus trabalhadores. Na última greve, os bancários e bancárias que exerceram seu direito legal de cruzar os braços foram perseguidos e por pouco, se não fosse a intervenção do Sindicato, não tiveram férias, abonos ou folgas cancelados. Os trabalhadores e trabalhadoras do Banco do Brasil merecem respeito e uma dessas formas de respeito está na redução da jornada de trabalho sem redução de salários”, ressalta o diretor do Sindicato e funcionário do BB, José Marcos Araújo (Marcão).
Após o ato, o Sindicato reuniu com os trabalhadores nos diversos andares do prédio da superintendência do Banco do Brasil, orientado os bancários sobre as ações sindicais e judiciais que estão sendo tomadas.
Próximos passos
Encaminhamentos jurídicos:
No dia 17 de janeiro, o Sindicato dos Bancários ajuizou uma ação civil pública pleiteando a 7ª e 8ª horas para assistentes A e B. A audiência inaugural desse processo ocorrerá no dia 26 de fevereiro. Até sexta-feira, 1º de fevereiro, o Sindicato aditará a ação, informando à Justiça do Trabalho a ilicitude da obrigatoriedade de assinatura do termo de adesão, as perdas salariais ocorridas em detrimento da aceitação da proposta por parte dos bancários, a possibilidade de punição com descomissionamento em caso de não aceitação, etc. Em caráter de tutela antecipada, o Sindicato irá requerer a suspensão da migração dos assistentes ao novo plano, pelo menos até o final do processo.
Na próxima segunda-feira (4), o Sindicato agendou reunião com a Procuradora do Trabalho para informar ao Ministério Público os atos lesivos por parte do Banco do Brasil aos seus funcionários. Na mesma data, o Sindicato ajuizará ação civil pública pleiteando o pagamento de horas extras pela 7ª e 8ª hora realizadas pelos analistas, informando também o mesmo relatado no aditamento da ação dos assistentes.
Carta à Dilma:
Nesta sexta-feira, 1º de fevereiro, a presidenta Dilma Rousseff estará na cidade de Castanhal, para entrega de unidades habitacionais do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’. Na ocasião, o Sindicato dos Bancários do Pará estará presente com funcionários do BB de Castanhal e da Região Metropolitana de Belém para entregar à presidenta um documento com as reivindicações do funcionalismo em busca de respeito e melhores condições de trabalho no Banco do Brasil.
Assembleia Geral com indicativo de greve:
A plenária, realizada na última quarta (30) na sede do Sindicato em Belém, aprovou a realização de uma assembleia geral na próxima terça-feira (5), às 19 horas, no mesmo local da plenária, para avaliar a situação no Banco do Brasil referente ao novo plano de funções. Caso a mobilização nacional dos trabalhadores não tenha avanços até lá, a assembleia poderá aprovar a deflagração de greve por tempo indeterminado como forma extrema de pressão contra as atrocidades do Banco do Brasil contra seus trabalhadores.
Confira aqui como foi a plenária
Fonte: Bancários PA