Para coordenador da CEBB, João Fukunaga, dirigentes querem se promover às custas dos funcionários
Nota do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que o plano de reestruturação do Banco do Brasil prevê economia de R$ 353 milhões em 2021 e R$ 2,7 bilhões em 2022. Somente nos primeiros nove meses do ano passado, o banco teve um lucro líquido ajustado de R$ 10,189 bilhões. Para o coordenador nacional da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga, com a proposta de reestruturação a direção do banco está querendo economizar “dinheiro de pinga” às custas dos funcionários.
O plano foi apresentado na semana passada e prevê a desativação de 361 unidades, sendo 112 agências, 7 escritórios e 242 Postos de Atendimento (PA), além da demissão de 5 mil funcionários. “Infelizmente, para se promover para o atual governo, alguns vice-presidentes encabeçam propostas de redução de custos em cima dos funcionários. No final querem economizar ‘dinheiro de pinga’ se olharmos os recorrentes lucros do BB. O vice-presidente coorporativo, Mauro Ribeiro Neto, deveria olhar menos para economias superficiais e mais em promover um banco público dinâmico e competitivo, agindo em consonância com atuação de agente de desenvolvimento econômico em áreas que os bancos comerciais não querem agir”, criticou Fukunaga.
Funcionário não é número
Outra que criticou a proposta de reestruturação foi Débora Fonseca, representante dos funcionários no Conselho de Administração do Banco do Brasil (Caref). “Mesmo que essa reestruturação gerasse uma economia relevante em despesas administrativas, nada justificaria essa implementação brusca, e que desconsidera completamente os impactos na vida dos colegas do BB, tratando-os como mero número. Além disso, nem a própria economia gerada é um grande montante comparado ao lucro do banco”, afirmou.
A representante dos funcionários do BB no conselho disse ainda que em várias agências a serem fechadas ouviu relatos de colegas que cumpriam as metas estabelecidas pelo Banco. “A agência em questão, além de cumprir seu papel social de atendimento da população, gerava lucro. Simplesmente não há justificativa para essa e a maioria dos pontos colocados nessa reestruturação. Há quem diga que uma reestruturação era imprescindível para o banco se atualizar, porém não essa. O banco sabe da sobrecarga e da falta de funcionários em diversos locais, e obviamente não é fazendo PDV e fechando agências que esse cenário vai melhorar”, disse Débora.
Para o coordenador da CEBB, essa reestruturação tem uma clara motivação ideológica. “Podemos observar que há um viés ideológico e existe preconceito com a população. Basta olhar os locais onde as agências estão sendo fechadas. São cidades do interior, onde as pessoas terão que se deslocar até cinco horas para para terem um atendimento bancário. Aí está o viés ideológicos desse neoliberalismo burocrata, que preza pelo fechamento das agências em prol do mercado. A própria economia, em si, se mostra ineficaz”, completou Fukunaga.
Fonte: Contraf-CUT