Bancárias e trabalhadoras celebram o Dia Internacional da Mulher com marcha pelas ruas de Belém

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Hoje foi mais um dia em que elas precisaram acordar cedo, mas a rotina foi quebrada para que cerca de 500 mulheres pudessem mostrar à sociedade paraense que no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, elas não querem flores ou mensagens carinhosas e clichês, o que essas trabalhadoras querem mesmo é mais respeito e direito de igualdades não por um dia, mas pela vida toda.

“Uma pesquisa recente do IBGE comprovou que a mulher, apesar de ser maioria na população e no mundo do trabalho, continua ganhando menos e trabalhando mais, porém não é isso que queremos. Como também não queremos ver mais casos de homens que matam suas ex-companheiras que decidiram por um fim ao relacionamento, e menos ainda que homens, como Eduardo Cunha, decidam se eu devo ou não abortar, sendo que o corpo é meu!”, afirma a diretora do Sindicato e Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Pará, Tatiana Oliveira.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) feita entre os anos de 2004 e 2014 com 150 mil famílias, a dupla jornada feminina aumentou uma hora. Agora elas trabalham cinco horas a mais do que eles.

“E apesar de trabalharem mais fora de casa, as tarefas dentro do lar continuam sendo as mesmas. Além dessa jornada dupla, muitas vezes tripla já que muitas estudam, ainda tem que sofrer com o assédio sexual dentro e fora do trabalho. É de fundamental importância essa data que surgiu com a luta de várias operárias por melhores salários e condições de trabalho”, lembra a presidenta do Sindicato e militante da Marcha Mundial das Mulheres, Rosalina Amorim.

A ideia de um Dia Internacional da Mulher surgiu no final do século XIX, mas foram diferentes fatos que derivaram para a celebração que conhecemos hoje. A versão mais conhecida sobre a origem do 8 de março é de que seria uma homenagem à 149 pessoas, a maioria mulheres, que teriam morrido num incêndio da fábrica Triangle Shirtwaist, em Nova York, ocorrido em 25 de março de 1911. O incidente, teria revelado as péssimas condições nas quais trabalhavam as mulheres, muitas delas imigrantes e pobres.

Contudo, estudos mais minuciosos da história afirmam que a data já havia começado a ser celebrada dois anos antes (1908), também em Nova York, onde as mulheres socialistas, seguindo uma orientação partidária, haviam comemorado pela primeira vez o Dia Nacional da Mulher. Em 1910, na II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, em Copenhague, Dinamarca; Clara Zetkin propõe que, a exemplo das irmãs americanas, começasse a ser celebrado o Dia Internacional das Mulheres. Nos anos seguintes, as comemorações se espalharam pela Europa, mas ainda sem data fixa e única para todos os países, apesar de sempre fazerem referência ao direito do voto feminino como parte da luta pela emancipação das mulheres. Em 1921, o dia 8 de março foi proposto como o Dia Internacional das Mulheres, mas a data só foi oficializada pela ONU 54 anos depois, em 1975.

Séculos se passaram depois desse lamentável episódio com vítimas, mas até hoje o machismo manifestado das mais diversas formas continua matando, oprimindo e cerceando os direitos da mulher, como o de poder trabalhar fora de casa.

“Quando precisei de creches para deixar meus filhos e poder aumentar a renda dentro da minha casa não encontrei, tive que contar com a solidariedade da minha mãe que sempre me ajudou ficando com eles enquanto ia trabalhar. Hoje eles já são adolescentes, mas o problema de falta de creches continua em Belém e no Pará”, lembra a conselheira tutelar, Denice Mendes, que durante a Marcha do Dia Internacional da Mulher em Belém, carregava uma boneca em forma de protesto.

Ao lado dela, outras mais de 300 mulheres adultas, jovens, crianças e idosas, como a dona de casa de 66 anos, Adelina Almeida, que em poucas sábias palavras sabe o que precisa ser feito por uma sociedade mais justa e igualitária. “Nós temos que lutar para termos nossos direitos e por isso estou aqui e vou até o fim”. E assim ela foi até a Prefeitura de Belém onde a manifestação encerrou com palavras de ordem e protesto contra o prefeito Zenaldo Coutinho.

A Marcha do Dia Internacional da Mulher também contou com a presença de alguns homens, em quantidade reduzida, mas que fizeram questão de acompanhar a caminhada em reconhecimento à valorização e importância delas na sociedade.

“É fato que elas têm um poder único de transformação através de palavras, gestos e até mesmo com o seu silêncio. As mulheres nunca foram e nunca serão um sexo frágil e merecem ser lembradas e respeitadas hoje e todos os dias”, reconhece o dirigente sindical, Gilmar Santos.

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Fonte: Bancários PA com informações do El país e CUT Nacional

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