Bancários se reúnem com diretora de RH do Santander na SRTE

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Os bancários do Rio Grande do Sul cobraram na quinta-feira (19) o fim das demissões, da rotatividade, do corte de empregos e das terceirizações, bem como mais contratações, o fim da terceirização de prepostos nas homologações, a suspensão das mudanças nos planos de saúde e a melhoria das condições de trabalho no Santander, durante reunião com a diretora de Recursos Humanos, Vanessa Lobato, e o superintendente de Relações Sindicais, Luiz Cláudio Xavier, em Porto Alegre. O encontro foi promovido pelo novo titular da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) no Estado, Flávio Zacher.

Pelos bancários, participaram o diretor da Fetrafi-RS, Luiz Carlos Barbosa, e o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr. Também esteve presente o assessor jurídico da Fetrafi-RS, Rodrigo Dresch, além de auditores do Ministério.

Barbosa entregou uma carta da Fetrafi-RS para a SRTE-RS, destacando os principais problemas dos trabalhadores do banco, que foram apontados na reunião do Coletivo Estadual dos Dirigentes Sindicais do Santander, realizada no último dia 9, na capital gaúcha, com a presença de representantes de 12 sindicatos. Zacher havia participado da reunião, quando se comprometeu em agendar um encontro com a direção do banco para tratar da questão do emprego e das condições de trabalho no Estado.

Ademir apresentou ao superintendente dois estudos elaborados pelo Dieese. Um deles comprova as demissões em massa praticadas pelo banco em dezembro de 2012, quando foram dispensados 1.153 funcionários, conforme dados do Caged. A média era de 180 demissões por mês entre janeiro e novembro.

O outro mostra a redução do emprego em 2013, revelando o corte de 3.414 postos de trabalho até setembro. Também revela que entre 2010 e 2013, o ganho médio anual de um diretor do banco aumentou 67% no Brasil, chegando a R$ 7,915 milhões, o que é um absurdo.

Demissões – O diretor da Contraf-CUT denunciou que “o Santander é hoje o banco que mais está demitindo no Brasil, na contramão da economia brasileira, que gerou 1,3 milhão de vagas nos primeiros nove meses do ano. Entre setembro de 2012 e 2013, a redução foi de 4.542 empregos, uma queda de 8,2% no quadro de funcionários, segundo o Dieese.

“Para o banco, as demissões são normais, mas para os bancários são injustificáveis”, disse Ademir. O Santander obteve lucro de R$ 4,3 bilhões até setembro no Brasil, o que representa 24% do lucro mundial, o maior resultado entre todos os países onde o banco atua. “Com a falta de funcionários, não é à toa que o Santander foi o campeão do ranking de reclamações de clientes no Banco Central em 2013”, apontou.

Zacher disse que é também cliente do Santander e que conversou com funcionários de agências, que confirmaram toda a pressão a que estão submetidos no trabalho. “Esse diagnóstico reforça a nossa luta pelo emprego e por condições dignas de trabalho”, frisou Ademir.

Condições de trabalho – Barbosa salientou que, com as demissões, existe falta de funcionários nas agências, o que determina o aumento da sobrecarga de serviços e do assédio moral, causando o adoecimento de bancários e piorando as condições de trabalho. “Tem agências onde o bancário não tem tempo nem para almoçar ou ir ao banheiro”, apontou. “Há também excesso de jornada de trabalho e o ponto eletrônico não registra o final do horário de visitas a clientes feitas pelos gerentes”, afirmou.

“Muitos funcionários estão tomando medicação controlada para suportar a pressão das metas abusivas”, denunciou Ademir. “Os funcionários estão trabalhando no limite e isso explica por que há tantos afastados por motivos de saúde”, disse.

Os dirigentes sindicais lembraram o caso do gerente geral Antônio Ricardo Terra Fabrício, de 49 anos, da Agência Santa Rosa, que morreu no dia 14 de maio deste ano após ter sofrido à noite um infarto em sua residência. Tinha 28 anos de banco e deixou esposa e uma filha. A caminho do hospital, ainda teve forças para orientar a mulher a processar o banco caso não sobrevivesse.

Homologações com prepostos terceirizados – “Com a falta de funcionários nas agências, o Santander passou a terceirizar este ano os prepostos nas homologações junto à maioria dos sindicatos”, salientou Ademir. O assunto já foi discutido em várias negociações com o banco, mas só foi resolvido em alguns sindicatos, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Barbosa contou que em vários sindicatos no interior gaúcho o banco quarteirizou os prepostos. “Até namorada de um terceirizado tentou fazer uma homologação, o que foi recusado pelo sindicato”, denunciou o diretor da Fetrafi-RS. “A admissão e o desligamento são atividades fim da empresa e não podem ser exercidos por terceiros”, defendeu Ademir.

Mudanças unilaterais nos planos de saúde – Os sindicalistas cobraram ainda a suspensão das mudanças unilaterais feitas nos planos de saúde dos funcionários, com exceção da Cabesp. As alterações entraram em vigor em novembro e terão forte impacto sobre aposentados e demitidos a partir de janeiro de 2014, através da implantação da cobrança por faixa etária, com subsídio do banco por cinco anos, isto é, até 2018. “Muitos aposentados não conseguirão mais pagar as suas contribuições e serão obrigados a sair dos planos, no momento das suas vidas em que mais precisam de atendimento à saúde”, reclamou Barbosa.

Ademir também criticou as alterações, lembrando que o banco havia assumido o compromisso de negociar com o movimento sindical antes das medidas entrarem em vigor e salientando que a Resolução Normativa nº 279 da ANS não obriga a cobrança por faixa etária.

Encaminhamentos – A diretora de RH do Santander, que está há dois meses no cargo, ouviu as demandas apresentadas e prometeu enviar uma resposta para Zacher, que, por sua vez, ficou de levar o assunto ao conhecimento do ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias. Em Brasília, o descaso do Santander com o emprego foi também objeto de uma reunião ocorrida no último dia 12 entre dirigentes sindicais de todo país e o secretário de Relações do Trabalho do MTE, Manoel Messias, que ficou de analisar as demissões no banco.

“Foi a primeira vez que uma diretora de RH do Santander veio a Porto Alegre para discutir problemas dos funcionários do banco com o movimento sindical”, avaliou Barbosa. Ele disse, no entanto, que “espera soluções concretas do banco, pois os funcionários estão trabalhando em condições precárias nas agências do Estado”.

Para Ademir, “a maioria dos problemas apontados não é de hoje que o movimento sindical discute com os representantes do banco, mas pouco ou quase nada é resolvido, frustrando a expectativa dos funcionários, principais responsáveis pelos lucros bilionários do Santander. É preciso que o banco respeite o Brasil e os brasileiros, começando pelos funcionários e aposentados”, concluiu o diretor da Contraf-CUT.

Fonte: Contraf-CUT com Fetrafi-RS

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