Bancos são os que mais lucram na tragédia econômica de Bolsonaro

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Mesmo com inflação recorde e desvalorização do salário mínimo, bancos lideram os lucros no Brasil, com demissões, digitalização, tarifas e juros altos

Observar o cenário econômico do país e dos bancos para organizar as lutas da categoria bancária na Campanha Nacional que já começou. Essa foi a dinâmica de abertura do segundo dia da 17ª Conferência Estadual Bancária do Pará, realizada virtualmente pelo Sindicato dos Bancários no último sábado (14). A convidada para o debate foi a economista do Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas – Dieese/Contraf-CUT, Catia Uehara.

Ela apresentou estudos que mostram o baixo crescimento econômico nacional e a alta lucratividade dos bancos na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), o primeiro desde a lançamento do Plano Real, em 1994, a impor perda no poder de compra do salário mínimo, frente a maior inflação nacional desde 2013.

Os dados do Dieese apresentados por Catia Uehara apontam que quase 12 milhões de pessoas estão desempregadas no Brasil, o que representa 11,1% da população; e que o rendimento salarial dos trabalhadores formais é de apenas R$ 2.467,00, o que elevou o endividamento das famílias pelo cartão de crédito, produto onde os bancos tem as maiores taxas de juros do mundo, com média de 355% ao ano.

“Vivemos um momento de crescimento nos índices de inflação. O IPCA, por exemplo, cresceu 5% além da meta prevista e, nos últimos 12 meses, acumula alta de 12,13%, é a maior inflação desse índice desde 2013. O INPC, que nos baliza para as negociações da Campanha Nacional, acumula alta de 12,47% para esse período, e para a data base da categoria bancária, estima-se o índice em 10,46%, o que dificulta nossa luta por aumento real nos salários”.

Bancos lucram bilhões com a crise

Em contrapartida à tragédia econômica do Governo Bolsonaro para a maioria da população, os bancos anunciaram seus lucros até agora em 2022, o que já alcança a ordem de R$ 28,1 bilhões somente entre os 5 maiores bancos: Banco do Brasil, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander.

 

A alta rentabilidade dos bancos cresce na mesma medida do crescimento das carteiras de cartão de crédito, o que por sua vez provoca aumento na inadimplência e nas taxas de juros e tarifas de serviços.

O lucro dos bancos também cresce com as demissões de bancários e bancárias. Mais de mil agências bancárias foram fechadas no balanço do último ano. Os bancos investem em tecnologia da informação para digitalização das agências, o que faz crescer a presença de bancários autônomos que realizam contrato como pessoa jurídica e diminui os custos do banco com pessoal.

Catia Uehara mostrou que a categoria bancária tem reduzido de tamanho e que o teletrabalho avançou durante a pandemia, o que favorece as agências digitais dos bancos e dificulta mobilização da categoria bancária no processo de Campanha Nacional.

“No geral, são mais de 78 mil postos de trabalho a menos na categoria bancária desde 2013, e as questões que precisamos responder são: como mobilizar trabalhadores em home office? Como mobilizar trabalhadores com a taxa de desemprego elevada? Como mobilizar diante das metas impostas pelos bancos? Como mobilizar trabalhadores que estão pedindo desligamento do sistema financeiro? Estamos vendo a ampliação dos autônomos de investimentos financeiros (PJs), que não estão em nossa mesa de negociação, mas podemos representa-los? O ramo financeiro amplia cada vez mais, mas a categoria bancária reduz. É preciso estarmos atentos a esse cenário na construção das nossas estratégias na Campanha Nacional desse ano”, avalia Cátia Uehara.

Por fim, a economista do Dieese apresentou qo balanço de negociações de acordos coletivos no Brasil desde janeiro de 2022 até hoje, e o saldo é de: 40% de negociações que não superaram INPC, 39% de acordos com índice igual à inflação, e 29% de acordos coletivos fechados com reajuste acima da inflação.

“Deu para vermos que os nossos desafios por conquistas econômicas são difíceis, mas por outro lado vimos também que os bancos têm totais condições de negociar bons acordos para a nossa categoria. O que vai decidir nossas vitórias será nossa unidade nacional e poder de mobilização para enfrentar os banqueiros durante a Campanha Nacional 2022. É hora de irmos à luta por nossos direitos e mais conquistas!”, ressalta a presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará, Tatiana Oliveira.

 

Fonte: Bancários PA

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