Banpará ignora coronavírus e lota agências para pagar servidores

Sindicato solicitou ao Banco um calendário com critérios para o atendimento presencial nas agências contra o Covid-19, mas o apelo foi ignorado

Começou nesta quarta-feira (25) e prossegue até 27, o pagamento antecipado da folha de quase 200 mil servidores estaduais, ativos e inativos, que recebem pelo Banpará. E mesmo com a pandemia de coronavírus (Covid-19) e as orientações das autoridades de saúde para as pessoas evitarem sair de casa e não frequentarem espaços com aglomeração, o cenário foi o mesmo dos dias rotineiros de pagamento: com longas filas e agências superlotadas nas primeiras horas da manhã de hoje. No interior das agências, bancários sem equipamentos de segurança, como máscaras e álcool gel.

Banpará São Brás

Desde a semana passada, as entidades sindicais tentaram antecipar uma das principais medidas de prevenção, que é evitar aglomeração nos bancos. Uma das sugestões apresentadas ao Banco do Estado por meio de ofício e ratificadas na reunião da última quinta-feira (19), era a de abrir um calendário diferenciado para pagamentos de folha salarial nesse período crítico da pandemia de coronavírus no país, priorizando o atendimento presencial nas agências somente para quem não tem cartão para saque ou o bloquearam por algum motivo.

“Para aqueles que possuem o cartão, nós solicitamos ao Banpará que estes fossem orientados a usar somente os caixas eletrônicos ou canais alternativos para as transações financeiras. Infelizmente nem todos, mesmo quem faz parte do grupo de risco, tem essa consciência. É preciso medidas mais duras para evitar o avanço do coronavírus. Fizemos esse pedido formalmente ao Banpará, ao Governador do Pará e à Justiça do Trabalho, para que fosse montado um calendário de pagamento dos servidores, o que não ocorreu. Agora estamos diante de um risco ainda maior para a categoria e ao povo paraense”, destaca a vice-presidenta do Sindicato, Tatiana Oliveira.

Banpará Belém Centro

Sindicato em defesa da categoria, clientes e usuários

Por conta própria e como forma de dispersar clientes e usuários, principalmente os que se enquadram em grupo de risco, o Sindicato colocou hoje carros e bike sons em frente das principais agências do Banpará, com orientação sobre como proceder nesses dias de pagamento.

“Atenção população! Atendimento presencial nas agências vale somente para casos de extrema necessidade, com agendamento prévio, para preservar a vida e a saúde dos clientes e dos bancários e bancárias. Evite ao máximo os espaços de aglomerações, como as agências bancárias. A vida vale muito mais que o lucro”, dizia a mensagem.

“Além da pressão de estar na linha de frente e sujeito ao contágio, o colega bancário trabalha sem máscara, álcool gel e com uma lista absurda de serviços ditos essenciais. Desde quando abrir contas é essencial? Essencial é garantir a subsistência das pessoas e reduzir o risco ao máximo. Não foi o que se viu hoje nas agências do Banpará. As autoridades precisam olhar para a categoria bancária também nesse momento de pandemia do coronavírus”, critica a diretora do Sindicato e bancária do Banpará, Vera Paoloni.

Banpará Palácio

Mais pedido de ajuda

No mesmo dia da reunião com o Banpará, as entidades sindicais procuraram o deputado estadual Carlos Bordalo para pedir que ele, enquanto presidente da Comissão de Direitos Humanos e do Consumidor, ratificasse o mesmo apelo que as entidades fizeram ao governador Helder Barbalho.

Bordalo atendeu ao pedido e solicitou a ampliação dos efeitos do Decreto Estadual 609 ao atendimento bancário presencial, mas a reivindicação foi negada pelo governador.

O decreto publicado no último dia 16 de março dispõe sobre as medidas de enfrentamento, no Pará, à pandemia do coronavírus, como nos órgãos e/ou entidades da Administração Pública Estadual Direta e Indireta.