Caravana em Cametá: Mais de uma semana do ataque ao BB, um refém morto e nenhum suspeito preso

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Cametá é um município do Baixo Tocantins, região que não está na ‘rota’ de ataques a bancos dos municípios paraenses. “Com base nos nossos últimos levantamentos, a maior incidência de assaltos e tentativas é no sudeste do estado. Ataques nessa magnitude são bem planejados, não acontecem do dia pra noite, por isso a importância e necessidade de um trabalho integrado das forças de segurança em parceria com os bancos e as entidades representativas dos trabalhadores e trabalhadoras das instituições financeiras, principalmente nas épocas de final de ano, quando a circulação de dinheiro é maior”, disse o diretor do Sindicato e bancário do Banco do Brasil (BB), Gilmar Santos, durante entrevista ao vivo para a TV Liberal, afiliada da Rede Globo, na quinta-feira passada (3) em Cametá.

Em entrevista ao Gazeta do Povo, o membro do Conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), Cassio Thyone Rosa, destacou a importância em investir em inteligência e investigação para lidar com essas organizações criminosas. “Não vejo outra forma que não seja dentro dos trabalhos de investigação, envolvendo inteligência policial, para conseguir em algum momento ir enfraquecendo esse tipo de ação. Para ter sucesso a gente tem que usar a palavra integração da forma que ela significa, ou seja, deixar de lado vaidades corporativistas, conseguir integrar forças de diferentes entes da federação”, afirma.

O Sindicato dos Bancários do Pará sempre defendeu esse tipo de integração, tanto é que em 2007, conquistou a instalação de um Grupo de Trabalho sobre Segurança Bancária, onde a entidade, representantes dos setores de segurança dos bancos e órgãos de segurança pública, se reuniam em busca de estratégias no combate aos ataques às agências bancárias em todo o estado. Mas em 2011, quando o governo mudou, o Grupo foi extinto e de lá pra cá, a entidade sindical vem buscando a retomada dos trabalhos.

Em junho do ano passado, a atual presidenta do Sindicato, Tatiana Oliveira, que em 2019 era vice, e o atual diretor financeiro da entidade, Sandro Mattos, que na gestão passada era diretor jurídico, estiveram reunidos com representantes da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), de empresas de transporte de valores e diversos setores policiais especializados em segurança bancária, para discutir medidas que ajudassem no combate aos assaltos a bancos e carros fortes no Pará.

No dia do encontro, o secretário adjunto de segurança, na época, que presidiu a reunião, Rômulo Rodovalho, chegou a reafirmar o interesse da Secretaria em retomar na prática o Grupo de Trabalho, com indicativo de uma nova reunião para o dia 8 de julho. O ano acabou e nenhuma nova reunião aconteceu. 2020 também está terminando e por conta da pandemia, os números de ações criminosas, como um todo, diminuíram no estado, entre eles o de ataques a bancos.

De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os assaltos a bancos diminuíram 67% no Pará, já o ‘novo cangaço’ modalidade registrada no município de Cametá, aumentou mais de 200% entre 2013 a 2019.

Segundo a Segup, este ano os registros caíram em mais de 80% em comparação com o ano passado.

“Com a maioria da população em casa por conta da crise sanitária, a circulação de pessoas e dinheiro nas ruas caiu muito no primeiro semestre. De alguns meses pra cá, com a flexibilização das regras de distanciamento social, ainda que de forma tímida, a economia voltou a crescer e aquecer um pouco mais agora com as festas de final do ano, além do décimo terceiro, auxílio e FGTS emergencial. Quase que no mesmo ritmo, ações criminosas também voltaram aos noticiários em todo o país. Infelizmente um refém morreu em Cametá. A população, em especial a categoria bancária da cidade, segue apreensiva”, observa Tatiana Oliveira.

Na semana passada, três ataques a bancos, com uso de explosivos e moradores feitos reféns, foram registrados em Criciúma (SC), Cametá (PA) e em Belford Roxo (RJ).

Investigações no Pará

Na semana passada, a Polícia Civil solicitou à justiça a prisão temporária, por 30 dias, dos quatro suspeitos apontados pela investigação como tendo envolvimento no assalto. A representação foi acolhida e deferida pelo poder judiciário na madrugada da última quinta-feira (3), após parecer favorável do Ministério Público Estadual. Na sexta-feira, as imagens do circuito de segurança interno da instituição bancária foram divulgadas.

Ainda na quinta passada, o segundo veículo localizado no rio Itaperuçu, no município de Baião foi içado e encaminhado para perícia. Dentro do veículo foram encontrados fragmentos, explosivos e projéteis. No primeiro veículo, localizado no dia anterior, foram encontrados 38 kgs de dinamite, cartuchos e outros itens.

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Fonte: Bancários PA com Gazeta do Povo, TV Liberal e Agência Pará

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