CN2016: Na Caixa, adesão em massa garante Comissão Paritária do RH 184 e manutenção da PLR Social sem metas

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A greve de 2016 na Caixa já é considerada histórica entre a categoria não só pelos seus 31 dias, mas principalmente pelas adesões de cerca de 80% do funcionalismo do banco durante todo o período da paralisação, tanto na capital quanto no interior do Pará. Bancários e bancárias que diariamente fortaleciam o movimento grevista a cada novo dia comparecendo aos piquetes e mobilizações organizadas pelo Sindicato junto à categoria.

Durante a greve também tiveram adesões histórias, que há anos não se viam, como as da gerência média, supervisores e assistentes de grandes agências da Caixa na Região Metropolitana de Belém.

“A decisão dos colegas foi de forma espontânea, fruto de muita conversa nas visitas que fizemos diariamente, junto com os demais grevistas, nas agências para convencer cada trabalhador sobre a diferença que ele fez fortalecendo o movimento junto com o Sindicato. Foi no 24º dia, durante uma dessas visitas, que vários gerentes da Caixa tiveram essa coragem e disposição em trazer outros gerentes para somarem à luta. Essa atitude encorajou outros bancários e bancárias em diversas capitais ampliando ainda mais a nossa greve”, lembra a diretora do Sindicato e bancária da Caixa, Tatiana Oliveira.

PLR Social sem implantação de metas como o banco queria; criação de uma comissão paritária para discutir o RH 184 e de um GT também paritário para tratar os critérios de descomissionamento, ampliação da licença-amamentação e do Vale Cultura. Essas são algumas das principais conquistas dos bancários e bancárias da Caixa após a maior greve da categoria desde a década de 90.

“Lutamos até onde foi possível sem a intervenção da Justiça, que nem sempre é justa e poderia acarretar prejuízos maiores do que conquistas. Não foi o acordo dos sonhos, mas agora teremos mais tempo na defesa dos bancos públicos e dos nossos empregos, ameaçados pelo ajuste fiscal do governo Temer golpista, além de somar esforços na luta por melhores condições de trabalho, já com o aumento real garantido em 2017”, ressalta o dirigente sindical e bancário da Caixa, Heider Alberto.

Além das principais conquistas no acordo bianual, o funcionalismo da Caixa garantiu a manutenção, por dois anos, da PLR Social, que corresponde à distribuição linear de 4% do lucro líquido entre os trabalhadores; bem como o pagamento da regra básica da PLR da Fenaban, de 90% do salário mais R$ 2.183,53, limitado a R$ 11.713,59 – mas ficando assegurado o mínimo de um salário ao empregado – e, ainda, do adicional de PLR, que equivale à distribuição de 2,2% do lucro líquido entre os bancários.

Cláusulas econômicas – Reajuste de 8% mais abono de R$ 3.500 (pago uma única vez); reajuste de 15% para vale-alimentação; e de 10% no vale-refeição e auxílio-creche/babá. Em 2017, será assegurada a reposição da inflação mais 1% de aumento real para salários e verbas.

Dias da greve abonados – Foi assegurado o abono integral de todos os dias da greve, o que não ocorria desde a greve de 2004 encerrada após ajuizamento de dissídio coletivo.

RH 184 – Criação de uma comissão paritária – formada por representantes dos empregados e do banco – para discutir o normativo, em especial a função de caixa.

GT Paritário – Também haverá GT específico para discutir regras de descomissionamento da incorporação de função, entre outros prejuízos aos empregados.

Promoção por mérito – A evolução por mérito fica assegurada também por dois anos, da mesma forma que o GT que discute o aprimoramento constante dos critérios de promoção.

Bolsa de estudos – Concessão de 1,6 mil bolsas: até 300 para graduação, 500 para pós-graduação e 800 para idiomas.

Licença-amamentação – Assegura às empregadas mães, inclusive as adotivas, com filho de idade inferior a 12 meses, dois descansos especiais diários de meia hora cada um, facultado a beneficiária a opção pelo descanso único de uma hora.

Vale Cultura – Fica mantido até 31/12/2016, conforme Fenaban, e tem direito o empregado que ganha até oito salários mínimos. Antes o Vale era limitado a quem recebia até 5 salários.

Saúde Caixa – Manutenção do GT Saúde do Trabalhador, do Saúde Caixa e da mesa permanente de negociação; trazendo para a pauta a discussão dos impactos decorrentes da implantação de novos processos de trabalho.

Ausências permitidas – O novo acordo inclui o item “o” na lista de itens nas quais o empregado poderá deixar de comparecer ao serviço, até 6h ou 8h por ano, conforme jornada do empregado, para levar dependente com deficiência a profissional habilitado da área de saúde, mediante comprovação, em até 48 horas após, à chefia imediata.

Confira aqui as outras propostas específicas da Caixa

Como saber se a proposta para 2017 é boa, se não sabemos o cenário econômico?
Em 2015, fizemos 21 dias de greve e conseguimos aumento real de 0,11% em uma conjuntura mais favorável aos trabalhadores. Diante de um governo que defende a retirada de direitos, manter todas as cláusulas da nossa CCT garantidas por dois anos e ainda reposição total da inflação mais aumento real de 1%, sem o desgaste da greve, é uma conquista da nossa mobilização este ano.

Mas o Sindicato não defendia o aumento real?
Defendia e defende. Em mais de uma dezena de reuniões com os bancos, o Comando Nacional dos Bancários insistiu na reivindicação do aumento real. Com a nossa luta, conseguimos avançar nos reajustes acima da inflação para vales e auxílios e garantimos elevação da primeira proposta de 6,5% para 8% com abono de R$ 3.500, além da reposição total da inflação mais aumento real de 1% em 2017. Não é a proposta que queríamos, mas é o acordo possível nessa conjuntura. Estamos chegando ao teto da greve e, após um mês, a grande imprensa começa a jogar os clientes contra a categoria, em um cenário em que o governo também investe contra os direitos dos trabalhadores. O Comando tem de ter responsabilidade com os bancários que fizeram os 30 dias de greve.

O acordo de dois anos não vai proibir que a categoria lute por outras pautas?
Muito pelo contrário. O acordo de dois anos vai permitir que os bancários se mobilizem contra a retirada de direitos, a terceirização, a privatização dos bancos públicos. Teremos garantido que não se repita o reajuste abaixo da inflação, quebrando a lógica do abono que os bancos queriam resgatar dos anos 1990. Durante o ano faremos nossas conferências e teremos mesas para debater com os bancos condições de trabalho, emprego bancário, agências digitais. E greve, inclusive, caso ameacem nossos direitos.

Como ficam vales e auxílios em 2017?
Assim como os salários, vales alimentação, refeição, 13ª cesta-alimentação, auxílio-creche, PLR e demais verbas, tudo será reajustado de acordo com a inflação mais 1% de aumento real. Ou seja, independentemente de quanto for a inflação (5%, 8%, 10%, o que for), os bancários terão direito à reposição desse índice mais 1% de aumento real.

 

Fonte Bancários PA, com SP Bancários

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