Contra retrocesso e tentativa de outro golpe, trabalhadores marcham pelas ruas de Belém

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Movidos pela democracia cerca de 30.000 trabalhadores e trabalhadoras de todo o Pará, entre eles bancários, foram às ruas da capital paraense pedir mudanças no país, como a reforma política, a democratização da mídia e não ao golpe como ocorreu há exatos 52 anos que derrubou o governo João Goulart e deu início a um período de ditadura ao longo de 21 anos.

Ao contrário do que muitos, mexidos pela grande mídia, pensam; no meio daquela multidão que tomou as ruas de Belém na noite do dia 31 de março não existiam só militantes, existiam eleitores que pediam respeito ao seu voto em reconhecimento às transformações econômicas e sociais no país por mais de 10 anos, com a plena consciência de que muito ainda precisa avançar para recuperação da atividade econômica e retomada do crescimento.

“Queremos que as investigações sejam sérias e baseadas na lei e que todos os verdadeiramente culpados sejam punidos independente de partido. A corrupção não é algo recente, ela existe há anos seja na política, na rua ou em cenas do cotidiano. A diferença é que agora as denúncias estão sendo investigadas e os encaminhamentos sendo dados, que justiça seja feita, mas não justiça seletiva. Contra Dilma não há denúncia de crime de responsabilidade fiscal para resultar em sua cassação e portanto defendemos sim a permanência dela no governo, por ter sido eleita democraticamente. Defendê-la não significa defender os erros da política econômica. Somos contra o ajuste fiscal, a terceirização e contra todo tipo de retrocesso à classe trabalhadora”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários, Rosalina Amorim.

Em um percurso de cerca de 5km que saiu debaixo de chuva da Praça da Leitura em São Braz até a Aldeia Amazônica, na Pedreira; homens, mulheres, crianças, idosos e LGBTs, gritavam palavras de ordem que ecoavam também em forma de pedidos por mais amor, mais respeito, menos ódio e intolerância. Sentimentos estampados em faixas, cartazes, sorrisos, aplausos e muitos abraços de solidariedade e união.

As manifestações, organizadas pela Frente Brasil Popular, percorreram mundo afora. Além de Belém, outros estados brasileiros e o Distrito Federal, Inglaterra, França, Argentina também tiveram seus protestos a favor da democracia.

Não ao retrocesso – “Nós trabalhadores e trabalhadoras não vamos pagar o pato (alusão ao boneco, plagiado de um artista holandês, símbolo da campanha pró-impeachment da Fiesp) que a elite brasileira quer impor a todo custo atacando direitos trabalhistas conquistados com muita luta, mobilização e resistência, por isso que apoiam e financiam atos pedindo o golpe na democracia brasileira, como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Fiesp, representante da elite burguesa e empresarial, paulista e paulistana, preocupada em só defender o capital”, destaca a diretora do Sindicato, Tatiana Oliveira.

Além da Fiesp e outros empresários, vários parlamentares, também financiados pela Federação das Indústrias, buscam meios de retirar importantes conquistas da classe trabalhadora, como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que conseguiu a aprovação do projeto de terceirização que agora tramita no Senado com o nome PLC 30.

Segundo o dossiê “Terceirização e Desenvolvimento, uma conta que não fecha”, lançado ano passado pela CUT e pelo Dieese, os terceirizados ganham 25% menos, trabalham quatro horas a mais e ficam 2,7 anos a menos no emprego quando comparados com os contratados diretos.

Entre os retrocessos do projeto, o texto abre a possibilidade de contratação de terceirizados na atividade-fim (a principal da empresa), inclusive para estatais e sociedades de economias mistas como Banco do Brasil, Petrobras e Caixa Econômica Federal.

O projeto também permite que as terceirizadas sejam associações ou cooperativas e possibilita a criação de outra categoria econômica, a de prestadores de serviços, o que facilita a transformação dos trabalhadores com carteira assinada em pessoas jurídicas (PJ), sem direitos como 13º salário, férias e FGTS, afetando diretamente a possibilidade de representação sindical.

 

Fonte: Bancários PA

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