Debate discute a conciliação do tempo entre trabalho, estudo e vida sindical

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Anderson Campos - Estamos perdendo o tempo para a vida em detrimento ao tempo para o trabalho“Estamos perdendo o tempo para vida em detrimento do tempo que dedicamos diariamente ao trabalho”. Essa afirmativa do sociólogo Anderson Campos, especialista em Economia do Trabalho e Sindicalismo e assessor da secretaria de Juventude da CUT Nacional, deu a tônica do debate sobre O Sindicato e a conciliação entre trabalho e estudo, realizado na noite da última segunda-feira (13) no auditório do Sindicato dos Bancários do Pará e que contou com a participação de bancários e bancárias, professores, estudantes e dirigentes sindicais da CUT Pará.

Bancários, Bancárias, professores, estudantes e sindicalistas participaram do debateDurante o debate, Anderson Campos mostrou que a lógica de acumulação de capital imposta pelo capitalismo contemporâneo obriga a juventude a ingressar cada vez mais cedo no mercado de trabalho, e quem já está no mercado a ficar cada vez mais tempo trabalhando para cumprir o tempo necessário para aposentadoria. Além disso, a permanência no mercado de trabalho exige permanente qualificação da mão-de-obra, critério utilizado pelas empresas para determinar o valor do salário e a posição dos trabalhadores na estrutura empresarial.

“Essa lógica faz com que os trabalhadores tenham o seu tempo absorvido pela jornada de trabalho que está para além do tempo de permanência no local de trabalho, pois envolve toda a preparação da pessoa para sair de casa, se deslocar ao local de trabalho, cumprir a jornada e muitas das vezes fazer horas extras. Tudo isso dificulta, sobretudo à juventude, a se dedicar com qualidade aos estudos, e muito mais ainda a desempenhar atividades sindicais”, destaca o sociólogo.

Para Anderson Campos essa realidade precisa ser enfrentada pelos Sindicatos, sobretudo formando alianças com o movimento estudantil. “A pirâmide etária do Brasil mostra que há um envelhecimento em nossa sociedade, mas apesar disso a juventude está cada vez mais presente no mercado de trabalho formal e informal. A precarização do emprego e a exploração da mão-de-obra da juventude exige uma aliança entre os movimentos sindical e estudantil para o enfrentamento dessa realidade”, ressalta.

Rosalina Amorim - Precisamos ganhar a juventude para a luta em defesa da qualidade de vidaA presidente do Sindicato dos Bancários, Rosalina Amorim, enfatizou que o debate foi de grande importância nesse momento em que a categoria está em plena Campanha Nacional e luta por valorização do emprego. “A juventude também está cada vez mais presente no ramo financeiro e sofre com a imposição de metas, extrapolação de jornada, insegurança e outras problemáticas que precarizam o trabalho bancário. E nós que fazemos o movimento sindical precisamos ganhar essa juventude para nossa luta e também encontrar mecanismos que permitam não apenas à juventude, mas à classe trabalhadora em geral, poder trabalhar com dignidade e ao mesmo tempo ter acesso aos estudos, ao lazer, à cultura, ou seja, ter qualidade de vida”.

Serviço – Anderson Campos também é autor do livro Juventude e Ação Sindical – Crítica ao trabalho indecente (Rio de Janeiro: Editora Letra e Imagem, 2010). O livro é resultado da dissertação de mestrado do autor, a qual busca problematizar de que forma se dá a inserção dos jovens no mercado de trabalho e os impactos dessa presença para a luta por “trabalho decente”, bandeira do movimento sindical em defesa de direitos trabalhistas e contra a flexibilização, precarização e informalização do trabalho.

Prefaciado pelo economista Márcio Pochmann, presidente do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), o livro aborda temas atuais como a questão do estágio, as políticas públicas de proteção social da juventude e a sindicalização de trabalhadores/as dessa faixa etária que corresponde, atualmente, a 50 milhões de brasileiros.

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Fonte: Bancários PA

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