Debate sobre a vida da mulher trabalhadora discute a realidade das bancárias

0

A presidenta do Sindicato Rosalina Amorim palestrou sobre a vida da mulher trabalhadora e a diretora Heládia Carvalho coordenou a mesaMulheres bancárias ganham menos, são menos promovidas, mesmo sendo as mais escolarizadas, sofrem mais assédio moral e sexual e trabalham mais. Essas são algumas das discriminações que as bancárias sofrem no ambiente de trabalho diariamente; e ao mesmo tempo são também bandeiras de luta do Sindicato dos Bancários do Pará que tem, pela segunda vez, uma mulher como presidenta.

A entidade foi uma das convidadas pelo Fundacentro Pará a estar presente no seminário A realidade da mulher trabalhadora no estado do Pará, em comemoração ao Dia da Mulher, celebrado nesta quinta, dia 8 de março.

A realidade da mulher bancária

Rosalina Amorim, presidenta do Sindicato, falou sobre a realidade das mulheres bancárias em todo o Brasil apresentando dados que revelam o quanto as mulheres ainda precisam lutar em busca de igualdade no mundo do trabalho.

Sindicato apresentou dados que revelam a desigualdade latente entre homens e mulher no universo bancárioAs mulheres bancárias representam hoje 48,5% de toda a categoria e a maioria delas está na faixa etária de 17 a 39 anos. Nos bancos públicos as mulheres somam 42,97% do total de trabalhadores, enquanto que nos bancos privados elas são maioria, com 53% do quadro funcional dessas instituições.

Porém, nos bancos privados o salário pago às bancárias é 29% menor do que é pago aos bancários; e nos bancos públicos o salário delas é 15% menor. Ainda que 71% das mulheres bancárias possuem curso superior, enquanto que 66% dos bancários concluíram uma faculdade.

“Ainda somos as maiores vítimas de assédio moral e também sexual no ambiente de trabalho. Para as que estudam e têm filhos, a jornada de trabalho é tripla; e muitas vezes quando engravidam são demitidas ou nem chegam a ser contratadas. Fora a diferença de salários, mesmo exercendo o mesmo cargo que um homem e com mais qualificação profissional”, afirma Rosalina Amorim.

Apesar dessa triste realidade que é combatida pelo Sindicato dos Bancários diariamente, através de manifestações e ações jurídicas, as bancárias já conquistaram muitos direitos graças a essas constantes lutas. “Uma delas foi a ampliação da licença maternidade para 180 dias. Além das conquistas que beneficiaram todas as mulheres como a Lei Maria da Penha, a criação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, o direito ao voto, entre outras”, destaca.

Além da presidenta do Sindicato, a mesa de debates na manhã desta quarta-feira (7) no Fundacentro Pará, foi composta pela representante da Federação das Trabalhadoras Domésticas do Pará, Maria da Conceição da Silva e pela psicóloga tenente coronel da Polícia Militar do Pará, Jesiane Vale. Elas também explicaram um pouco do dia a dia de suas categorias, e que assim como as bancárias ainda lutam pelo seu reconhecimento na vida, na sociedade e no trabalho.

O Sindicato dos Bancários do Pará também esteve representado pelas diretoras Odinéa Gonçalves, Érica Fabíola e Heládia Carvalho, que coordenou a mesa do evento.

Pode virar lei

Sindicato parabenizou a Fundacentro pela realização do debateOutra importante vitória para as mulheres brasileiras que está prestes a virar lei é a aprovação do projeto de lei em caráter terminativo, na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, nesta terça-feira (6), que determina que os empregadores que discriminarem as mulheres por meio da remuneração, pagando salários menores, estarão sujeitos à multa que pode chegar a cinco vezes a diferença salarial devida no período em que a empregada esteve contratada.

“Caso o projeto se concretize, as bancárias de todo o Brasil poderão ter o seu trabalho reconhecido na prática e passar a receber os mesmos salários que os homens”, comemora Rosalina Amorim.

Por ter sido aprovada em caráter terminativo e sem alterações ao texto enviado pela Câmara dos Deputados, a matéria seguirá, agora, para sanção presidencial. Antes disso, contudo, é preciso aguardar um prazo regimental em que os senadores podem apresentar recurso para que o texto seja votado em plenário. Se o recurso não for apresentado, o texto vai direto para sanção ou veto da presidenta Dilma Rousseff.

O projeto foi relatado pelo presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS), e na Comissão de Assuntos Sociais, pelo senador Waldemir Moka (PMDB-MT). Em ambos os casos, o parecer foi pela aprovação integral do projeto. A votação na CDH foi unânime pela aprovação e comemorada pelas senadoras presentes.

Homens também presentes

O debate também foi acompanhado por homens que elogiaram o evento. “Não imaginava que as bancárias sofriam tanto assédio moral e também sexual no ambiente de trabalho. Estou cursando segurança no trabalho e pretendo elaborar uma cartilha sobre assédio no final do curso. Esse debate veio só colaborar para o desenvolvimento desse meu projeto”, parabeniza Gilvan Honorato.

Fonte: Bancários PA

Comments are closed.