Dupla Jornada: O desafio de ser mãe e mulher trabalhadora na atualidade

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Dia 10 de maio de 2015 é o Dia das Mães, um dia de celebração e confraternização, mas que para a mulher trabalhadora e para a sociedade como um todo pode servir como reflexão para a realidade do mercado de trabalho das mulheres na atualidade.

Dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2014, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD – IBGE), dão a dimensão de um aspecto invisível da estrutura do mercado de trabalho, mas que afeta principalmente o trabalho das mulheres: a realização de afazeres domésticos, popularmente denominada de “dupla jornada”.

Segundo o estudo, em 2013, 88% das mulheres ocupadas de 16 anos ou mais de idade realizavam afazeres domésticos, enquanto entre os homens este percentual era de 46%.
As mulheres tinham uma jornada média em afazeres domésticos mais do que o dobro da observada para os homens (20,6 horas/semana para mulheres e 9,8 para homens).

Considerando a jornada no mercado de trabalho e aquela com a realização de afazeres domésticos, tem-se uma jornada feminina semanal total de 56,4 horas, superior em quase cinco horas à jornada masculina.

Mostra-se assim que, o trabalho doméstico, quando não remunerado, é realizado por mulheres. Evidências mostram também que a grande maioria dos trabalhadores domésticos (portanto remunerados) são mulheres.

Os dados também mostram que o rendimento médio feminino é mais baixo que o masculino e tal situação é mais grave no mercado de trabalho informal, com o rendimento médio feminino (R$833) atingindo 65% do masculino (R$1272), contra 75% no mercado formal (sendo o masculino de R$2146 e o feminino R$1614).

Uma das explicações para o menor rendimento feminino está na desvalorização do trabalho doméstico, apesar de sua importância fundamental na reprodução social: quando remunerado, o mesmo tem rendimentos muito baixos e condições precárias de trabalho; quando não remunerado, ocupa parte expressiva da jornada de trabalho feminina – como mostram os dados – e não conta para a formação de rendimentos.

“Lutamos por igualdade de oportunidades, o que pressupõe pagamento de salário igual para o mesmo trabalho desenvolvido por homens ou mulheres, assim como por oportunidades para as mulheres ocuparem cargos de direção na sociedade, espaços amplamente ocupados pelos homens. Além disso, a nossa luta também é por uma mudança de cultura social, que condiciona os afazeres domésticos como uma exclusividade das mulheres, o que para nós é uma forma de opressão de gênero. Precisamos superar o machismo na sociedade e construir relações de trabalho baseadas na igualdade de gênero”, destaca a presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará, Rosalina Amorim.

Fonte: Bancários PA, com informações do IBGE e Portal Brasil Debate

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