8M: Em Marabá, mulheres participam de audiência pública contra a violência obstétrica

0

Diversas autoridades foram convidadas, porém nenhuma compareceu à audiência.

Na semana da mulher em Marabá, foi realizada uma audiência pública nessa quinta-feira (10), no Plenário da Câmara Municipal da cidade, para falar sobre violência obstétrica, principalmente pelo aumento e continuidades dos casos de violência obstétrica no município. A audiência que foi organizada pela Articulação Feminista de Marabá.

“Apesar do Ministério Público, Defensoria Pública e Polícia Civil não terem comparecido, nós fizemos uma excelente audiência com a presença da Secretaria Municipal de Saúde, OAB, Comissão da mulher da OAB, Conselho da Mulher de Marabá e o vereador Cabo Rodrigo, e foram encaminhadas algumas coisas que estavam na recomendação do documento e nós esperamos que as autoridades responsáveis usem esse documento que nós fizemos de 64 páginas com algumas recomendações e possam efetivá-las, que nós lutamos para que realmente se tenha um parto e um nascimento humanizado em Marabá, é esse o nosso intuito, então posteriormente iremos mandar um ofício novamente para esses órgãos e pedir uma reunião e ver se eles conseguiram encaminhar essas recomendações” afirma a dirigente do Sindicato dos Bancários do Pará em Marabá, Heidiany Moreno, que já foi vítima de violência obstétrica e analisou o assunto em sua dissertação de mestrado.

“Eu sofri violência obstétrica no meu segundo parto e na dissertação eu explico que eu conheci o termo, seu significado e consequências no Sindicato, em 2015, numa palestra que teve. Em 2016 eu tive o Hugo num parto humanizado em Belém, porém todo particular, aí quando fui ter a segunda filha, em 2020, aqui em Marabá, onde optei em ter, cheguei no hospital com 8 cm e sofri violência; e acabei me deparando com histórias muito, muito fortes de violência. Eu fiz um questionário com 20 mulheres, mas escolhi 3 relatos para utilizar na dissertação que foi de uma mãe que teve uma bebê com paralisa cerebral, uma mãe que perdeu um bebê de 9 meses; e outra que só conseguiu salvar o bebê, porque fez uma cesariana obrigada pela justiça, porque o hospital não queria fazer”, explica a dirigente sindical.

“Para mudar o mundo precisamos mudar a forma de nascer” foi o que as mulheres da Articulação Feminista de Marabá gritavam em alto e bom som no início da audiência, ato que contou também com uma coreografia denunciando os diversos tipos dessa violência e situações que a caracterizam.

“Uma vez que as denuncias tenham sido feitas, as reclamações têm sido feitas, e pouco tem se avançado, se fala em melhoria do sistema, mas as mortes continuam, falam em melhorias, mas as denuncias das mulheres permanecem. Então por que nós não conseguimos evoluir no direito das mulheres a um parto humanizado em Marabá” afirmou Rose Bezerra, da Articulação Feminista de Marabá, em entrevista para o Diário Online.

O que é violência obstétrica?

É caracterizada como um tipo de violência contra a mulher, praticada pelos profissionais da saúde, que indica desrespeitos, abusos e maus-tratos durante e/ou no momento do parto, podendo ser físicas ou psicológicas.

Esse tipo de violência contribui para a manutenção de altos índices de mortalidade neonatal no país, por isso a intervenção e o combate se fazem necessários, toda mulher tem direito a ter autonomia total sobre seu corpo e ter suas necessidades, vontades e direitos respeitados.

“Quando, por exemplo, ela está numa sala de parto, e enfermeiros, médicos ou profissionais que deveriam estar diminuindo a dor e as pressões naquele momento estão fazendo piada como ‘a você ta reclamando agora, não ta aguentando a dor, mas quando foi pra fazer você estava rindo” coloca Naíde Pacheco, também da Articulação Feminista, para entrevista como Diário Online.

O que fazer e como denunciar?

Em caso de violência, exija a cópia do seu prontuário à instituição que foi atendida, esse prontuário é um documento que pertence ao paciente e só podem ser cobrados por custo de cópia.

MPPA – Ministério Público do Pará
(94) 3312-9900

Defensoria Pública de Marabá
(94) 3322-3801

SUS/SESPA – Secretaria de Saúde do Pará
0800 280 9889

ANS – Agência Nacional de Saúde
0800 701 9656

Ligue 180

Fonte: Bancários PA

Comments are closed.