Epicentro mundial da pandemia, Brasil é pressionado a mudar ministro da Saúde

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Em meio à possível queda do quarto ministro da Saúde em um ano da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o Brasil se torna epicentro mundial em números de mortes diárias e casos confirmados da doença, enquanto os países vizinhos fecham os portões de entrada para brasileiros. Agravamento da pandemia fez o país ser visto como ‘perigoso’ e acendeu o sinal de alerta, principalmente na América Latina.

De acordo com o blog do Jamil Chade, do UOL, o Brasil também sofre pressão de entidades internacionais, comunidade científica, de investidores e até mesmo de governos “aliados” para mudar o comando da pandemia do novo coronavírus.

Nesta segunda-feira (15), a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou dados que mostram a dimensão da crise sanitária no país. De acordo com a OMS, o Brasil foi o país que registrou o maior número de novas contaminações no mundo nos últimos sete dias. Foram 494 mil casos, superando os EUA, país mais afetado pela doença até agora.

Diante da maior tragédia anunciada, o domingo foi de reviravolta em Brasília. O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, pediu para deixar o cargo, supostamente por problemas de saúde, e Jair Bolsonaro (ex-PSL) se reuniu com a cardiologista Ludhmila Hajjar, cotada para assumir a pasta. Porém, após o encontro, Pazuello negou estar doente, ter entregado o cargo ou ter sido solicitado a sair da pasta. Em nota, o Ministério da Saúde negou que o general tenha pedido demissão em meio ao auge da pandemia do coronavírus.

A médica, contrária ao uso de medicamentos sem eficácia comprovada como a hidroxicloroquina, remédio indicado para tratamento da artrite reumatoide, lúpus eritematoso e outras doenças, indicado por Bolsonaro, e também adepta do isolamento social para conter a disseminação do vírus, ainda não respondeu se aceita o convite, mas já está sendo criticada pelos seguidores do presidente.

Não bastasse tudo isso, o governo federal continua se omitindo quanto às suas responsabilidades. Não há comando nacional da crise, não há ministro da Saúde e não há Presidente da República. É como se os brasileiros estivessem num navio à deriva.

Em várias capitais brasileiras, onde a ocupação nos hospitais chega a 100%, faltam leitos, a fila de espera por uma vaga em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) é alarmante e a quantidade de brasileiros que morrem na fila à espera de um leito disparou no país.

Desde o início da pandemia, há um ano, cerca de 72.264 pessoas morreram sem ter acesso a um leito de UTI, mais de 1/4 dos quase 280 mil mortos em toda a pandemia até agora. É o retrato do completo descaso que o Brasil enfrenta desde o começo da crise.

Neste domingo (14), o país registrou a média diária de 1.832 mortes por Covid-19 em uma semana – já é o 16º dia consecutivo de recordes no índice. Em 24 horas, foram notificados 1.111 novos óbitos, somando 278.327 vítimas da doença no Brasil, de acordo com o consórcio de imprensa.

Desde o início da pandemia, 11.483.031 brasileiros foram diagnósticos do coronavírus, 43.781 deles registrados entre sábado (13) e domingo (14).

Vacinação baixa

Até agora, o Brasil só conseguiu vacinar um terço das pessoas do chamando grupos prioritário para a vacinação contra a Covid-19. Os especialistas calculam que 32% dos integrantes desses segmentos da população já receberam a primeira aplicação, e somente 10% a segunda, considerados os registros compilados pelo Ministério da Saúde.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, apenas 56% dos profissionais de saúde, 54% das pessoas com mais de 80 anos de idade e 55% dos indígenas conseguiram receber a primeira dose até agora. Somente 12% dos brasileiros entre 75 e 79 anos e 3% dos que têm entre 70 e 74 anos receberam a primeira aplicação até o início deste mês.

Pandemia se agrava em SP

No estado mais rico do país, a situação é cada vez mais preocupante. Não há leitos disponíveis nem nos hospitais públicos nem nos privados. A ocupação de leitos em todo o estado atingiu 88,4% e os de enfermaria, 74,4%. O número de internados em UTI ultrapassou 10 mil pessoas no estado. No total, são 10.244 pessoas internadas em UTIs e 13.382 em enfermaria.

O estado já endureceu as restrições para conter o avanço da Covid-19, mas ainda não deu os resultados. Segundo o governador João Doria (PSDB), se os números continuarem alto, o lockdown não está descartado.

A fase roxa teve início nesta segunda-feira (15) e deve ir até o dia 30 de março. É a mais dura que a etapa vermelha, a chamada fase emergencial impõe um toque de recolher das 20h às 5h, entre outras restrições.

O estado de São Paulo atingiu 64.123 mortes, um quarto do total de mortes registrado em todo o país e 2,4% das mortes registradas no mundo todo. Só na capital paulista, 19.543 pessoas foram vítimas da Covid-19.

Quatro pacientes com Covid-19 ou suspeita da doença não resistiram à espera por um leito de UTI e morreram neste sábado (13) no estado de São Paulo, chegando a pelo menos 59 óbitos de pacientes que aguardavam uma transferência.

Porto Alegre tem filas para registrar óbitos

Na madrugada deste domingo (14), Porto Alegre registrou fila para atendimento de registro de óbitos. A situação aconteceu em dois pontos da cidade, na Central de Atendimento Funerário e no 2º Cartório de Registro Civil, o que revela o aumento no número de óbitos por Covid-19 na capital.

Mesmo com a superlotação de leitos, o Hospital de Clínicas e a Santa Casa de Misericórdia, localizados em Porto Alegre, fecharam as emergências no domingo (14). A medida se dá em razão da superlotação das alas, principalmente por pacientes com Covid-19.

No Clínicas, a medida afeta exclusivamente o atendimento de pessoas com coronavírus. Segundo a direção do hospital, 88 pacientes eram atendidos na noite de domingo, sendo 48 em condições críticas e 24 necessitando de ventilação mecânica.

Já a Santa Casa fechou, por tempo indeterminado, as emergências SUS e Covid dos hospitais Santa Clara e Dom Vicente Scherer, respectivamente. Conforme a instituição, as duas alas operavam com lotação próxima a 300% da capacidade neste domingo.

Belém e Região Metropolitana entram em lockdown

O governador Helder Barbalho anunciou no último sábado (13) que os cinco municípios que compõem a Região Metropolitana de Belém passam ao bandeiramento preto e anunciou novas restrições na circulação de pessoas para aumentar o índice de isolamento social. A partir de 21h de segunda-feira (15), apenas atividades essenciais estão autorizadas em Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara e Benevides. A medida, inicialmente, valerá por sete dias.

Esta é a segunda vez que a região metropolitana de Belém entra em “lockdown”. A medida foi implementada pela primeira vez na pandemia no dia 7 de maio de 2020, e se estendeu até o dia 24 do mesmo mês.

Com a mudança do bandeiramento para preto, nos municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara e Benevides só irão funcionar atividades essenciais, como supermercados, alimentação, bancos, farmácias, casas lotéricas e feiras livres. Somente um membro da família deve fazer as compras e ser atendido por vez nos serviços essenciais.

O decreto também deve fechar os limites dos municípios, exceto para transportes de abastecimento de produtos e trânsito de profissionais essenciais, segundo o governador.

 

Fonte: CUT Nacional e G1 PA com edição Bancários PA

 

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