Faltam caixas e sobra cobrança de metas no BB

0

O Sindicato reuniu com a Plataforma de Suporte Operacional (PSO) no último dia 11, em Belém, para tratar de dois assuntos: redução do número de caixas e cobrança de metas de vendas.

O diretor do Sindicato e bancário do BB, Fábio Gian, relatou que a entidade tem recebido reclamações diversas relacionados a sobrecarga de trabalho, fato que tem gerado descumprimento da lei do tempo de fila. O dirigente informou ainda que algumas agências na capital apresentaram, no início do mês, tempo de espera superior a 1 hora, sendo que em uma única agência havia 82 clientes aguardando atendimento de apenas 2 caixas, tendo o gerente de módulo aberto um guichê para tentar minimizar o problema.

“Nos últimos anos, o Banco do Brasil tem reduzido o número de funcionários a cada plano de desligamento, sendo o segmento de caixas um dos mais afetados já que as vagas deixam de existir e não há reposição, o que aumenta o volume de trabalho daqueles que permanecem nas unidades, precarizando o trabalho e levando a insatisfação de usuários e clientes cuja evidência é flagrante quando visitamos as agências do banco”, afirma Fábio Gian, que também é dirigente da Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, a ANABB.

A situação piora no início de cada mês ou datas próximas aos feriados, o que, somando as ausências não programadas, agravam o já caótico cenário criado pelo banco. “Responsabilizamos a diretoria do Banco do Brasil pelo que está ocorrendo no interior de suas dependências: sobrecarga de trabalho, desrespeito da legislação que regula o tempo de espera e agravamento das condições de saúde dos trabalhadores”, ressalta o dirigente.

Descumprimento da lei municipal

Quanto à legislação do tempo de fila, a diretora jurídica do Sindicato e bancária do BB que também participou da reunião, Tânia Barbosa, lembrou que a legislação municipal de Belém 9.005/13, determina que as agências situadas no município são obrigadas a cumprir um prazo máximo para o atendimento de até vinte minutos em dia normais e de até trinta minutos em vésperas ou após feriados prolongados.

“Mesmo que diversos bancos já tenham sido multados pelo órgão responsável, o desrespeito continua e tende a aumentar, visto as constantes reduções nos postos de trabalho de quase todos os bancos na região”, alerta Tânia.

A diretora se refere às ações realizadas pela Secretaria Municipal de Economia do Município de Belém (Secon) chamadas de “Cliente Cidadão” que desde 2016 tentam garantir o cumprimento da lei com expedição de advertências e aplicação de multas em valores que variam de R$ 10 mil a R$ 20 mil.

“Temos acompanhado a divulgação dessas ações que acreditamos ser importantes, mas ainda insuficientes face à missão dos bancos de reduzir custos, mesmo que isso leve trabalhadores e clientes à exaustão”, finaliza a dirigente.

Descomissionamentos e discriminação

A Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) também tem atuado contra o calvário vivido pelos caixas. A dirigente da entidade, do Sindicato e bancária do BB, Rosalina Amorim, lembra que em março desse ano, a Contraf-CUT ingressou com uma denúncia contra o Banco do Brasil junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) em Brasília devido ao descomissionamento, em massa, de mais de 700 (setecentos) caixas em todo o país.

“O BB discrimina os seus caixas pois não dá tratamento igual ao que é válido aos demais cargos. Em 2017, conseguimos a manutenção das comissões dos caixas por 4 (quatro) meses mas o BB, nessa última reestruturação, comportou-se ainda mais intransigente”, relata Rosalina.

A dirigente relembra que na segunda audiência de mediação no MPT, realizada em junho, o BB manteve seu posicionamento de não pagar a Verba de Caráter Pessoal (VCP) aos caixas que foram descomissionados.

“Dados levantados pela Contraf em todo o país, revela que apenas 65 caixas haviam sido novamente comissionados, o que não representa nem 10% do total de trabalhadores atingidos”, afirma.

Como se não bastasse…

Tem um ditado que diz que as coisas sempre podem piorar. Recentemente, o BB começou a cobrar metas de vendas para os caixas as realizarem nas baterias, geralmente, produtos da área da seguridade. Em um dos e-mails recebidos pelo Sindicato, e que foi lido aos administradores, fora escrito em caixa alta da seguinte forma: “… Acordo de Desempenho Esperado… PRODUTIVIDADE: Estar voltado exclusivamente ao ATENDIMENTO E VENDA DE PRODUTOS, quando estiver em guichê de caixa…”

“Se o banco não consegue cumprir o tempo estipulado em lei para as atividades fins do caixa, como recebimento e pagamento, que dirá incluir em sua rotina oferta, diálogo, venda e registro no sistema?”, questiona Fábio Gian.

O Sindicato manifesta discordância dessa metodologia de venda, pois as agências têm suas áreas negociais e que são mais adaptadas a esse tipo de atendimento.

A entidade também foi informada que, em uma dessas vendas realizada no guichê em uma agência em Belém, ocorreu uma diferença de caixa a qual só foi localizada no dia seguinte sendo a causa justamente o não cumprimento de uma das etapas do registro.

“As atividades que envolvem a vida dos trabalhadores no caixa exigem atenção redobrada pois falhas simples podem gerar diferenças exorbitantes quando comparadas ao salário recebido por esses funcionários, cujos valores são cobrados pelo banco diretamente do empregado. Por isso, entendemos que as funções de caixa, dada sua peculiaridade, não são compatíveis com venda de produtos no ambiente dos guichês devido esses riscos, além de contribuir para o descumprimento da legislação municipal”, afirma o dirigente.

O Sindicato conclui que a culpa por todos esses problemas é da diretoria da empresa, sediada em Brasília, e a busca do lucro a qualquer preço tem causado esse ambiente caótico nos locais de trabalho. A entidade sindical irá solicitar ao BB a revisão das dotações das agências e SOPs, documento esse que será encaminhado ao banco essa semana.

Um dos momentos mais oportunos para fazer pressão junto ao banco é na Campanha Nacional cujas negociações estão em andamento. “Portanto, fiquemos todos atentos ao que acontece nessas negociações, além das datas de assembleia e participação efetiva, pois toda conquista depende da nossa capacidade de disposição e organização nessa luta”, alerta o presidente do Sindicato e bancária do BB, Gilmar Santos

O banco afirmou não haver previsão de novas contratações para caixas. Também confirmou que existe orientação para que os caixas ofereçam produtos no guichê. A empresa ainda alega que vem realizando todo esforço possível para prestar o atendimento devido a clientes e usuários que buscam serviços de recebimento e pagamento em suas agências, orientando-os, ainda, às alternativas existentes como correspondentes bancários e serviços online.

 

 

Fonte: Bancários PA

Comments are closed.