Ignorância e medo da varíola provocam onda de ataques a macacos

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A erradamente chamada varíola dos macacos avança no Brasil e, segundo balanço do Ministério da Saúde divulgado na terça-feira (9), o país já contabiliza 2.131 casos confirmados da doença e 2.363 suspeitos. Porém, por medo e ignorância, a doença tem ocasionado ainda outro problema em território nacional: os ataques contra os símios brasileiros.

Em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, quatro macacos-prego já foram resgatados com sinais de intoxicação nos últimos dias. Um deles era filhote, encontrado morto no local, na Mata dos Macacos. Outros quatro animais da espécie saguis-de-tufos-pretos também foram resgatados após intoxicação, dessa vez no Parque Ecológico Sul. Nenhum deles resistiu.

A suspeita é a de que eles tenham sido envenenados após a divulgação de casos positivos da varíola dos macacos na cidade. Os ataques, que também estão sendo registrados em outros países, chegou até especialistas da OMS, que avaliam mudar o nome da doença para evitar que mais animais sejam vítimas da crueldade humana. Apesar do nome, a varíola só é transmitida de pessoa para pessoa, como destaca o médico infectologista Marcos Caseiro.

Violência é completa ignorância

O especialista explica que a doença recebeu esse nome no final dos anos 1950, após a descoberta inicial do vírus em macacos de um laboratório da Dinamarca. “Esse vírus chama Monkeypox porque ele fez (nos animais em teste) umas lesões vesiculares muito semelhante à varíola e ele foi descrito pela primeira vez em 1958 na Dinamarca. O macaco é uma vítima junto com o homem. Temos ouvido falar que as pessoas estão matando macacos. E é uma completa, total e absurda ignorância”, repudia.

A transmissão da varíola dos macacos ocorre principalmente por contato com as lesões e por fluídos corporais. Mas também pode ocorrer por meio de gotículas respiratórias e materiais contaminados. Os sintomas mais comuns da doença são feridas na pele, febre, dor de cabeça no corpo e nas costas, além de calafrios, cansaço e gânglios inchados. O período de incubação do vírus pode chegar a duas semanas. Os sintomas costumam durar de duas a quatro semanas e a doença geralmente se resolve sozinha.

Como se prevenir

O infectologista aponta que o isolamento social é uma das principais medidas que devem ser tomadas após o inicio dos sintomas para evitar a contaminação de outras pessoas. “Existe também a transmissão de fômites, eventualmente gotículas que caem em superfícies e as pessoas em contato com essas superfícies podem se infectar. Por isso a importância de continuar usando álcool em gel e coisas do tipo (cuidando sempre da higiene pessoal). E os pacientes devem se manter isolados no período da doença por conta (do risco) da transmissão. Enquanto tiver lesões, crostas inclusive – que são lesões cicatriciais – , existe transmissão da doença. Temos visto que essas lesões podem ficar até quatro semanas, 28 dias. Então o individuo tem que ficar isolado nesse período especifico”, destaca Marcos Caseiro.

Ainda não existe vacina específica contra a varíola dos macacos, mas três vacinas contra a varíola podem ser usadas contra essa doença, já classificada como emergência de saúde global pela OMS. Nesta terça, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga afirmou que o governo deve adquirir 50 mil doses do imunizante. As vacinas serão inicialmente destinadas aos profissionais da saúde, grupo que está em contato direto com pessoas infectadas. O chefe da pasta não esclareceu, no entanto quando a compra será feita.

 

Fonte: Rádio Brasil Atual

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