Nota de solidariedade à professora Rosaly Brito e à Facom UFPA

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O Sindicato dos Bancários do Pará vem manifestar sua solidariedade à Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará (Facom UFPA), a todos os professores e professoras da instituição, em especial à professora Rosaly Brito, que integra o quadro docente da referida Faculdade.

Em nota publicada pelo jornalista Lúcio Flávio Pinto em seu blog particular no último domingo (11), a professora Rosaly Brito e a Facom UFPA foram acusadas, de forma leviana, de praticar ato de “desonestidade intelectual” por defenderem a criação de uma disciplina optativa na grade curricular da Faculdade intitulada “Mídia e Golpe no Brasil”.

O Sindicato dos Bancários repudia toda forma de intolerância, o que reforça a necessidade urgente do debate sobre o golpe que atinge a democracia, a possibilidade de desenvolvimento, nossa soberania, e sequestra a esperança e os direitos sociais.

A universidade tem o papel de se constituir em espaço de crítica e reflexão, como nesse debate que, mesmo sob repressão, se alastra por diversas universidades brasileiras e conquista, inclusive, apoio acadêmico internacional.

A Academia integra amplo movimento em defesa da liberdade de cátedra, da autonomia universitária e da necessidade de reflexão sobre os acontecimentos políticos recentes no país.

O movimento de criação dessa disciplina pela Facom UFPA teve início após ameaça de retaliação do Ministério da Educação (MEC) ao Professor Luís Felipe Miguel, da Universidade de Brasília (UnB), por disciplina sobre esse tema ofertada no Instituto de Ciência Política da UnB.

Envolve, portanto, um conjunto de professores (as) e pesquisadores (as) renomados (as), com estudos consistentes na área de Comunicação e Política e em várias outras disciplinas das humanidades, como alertou o professor coordenador do Programa de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia da UFPA, Fábio Fonseca de Castro.

A Universidade desempenhou importante papel na desmistificação da farsa do golpe militar de 64, quando seus autores tentaram impor o conceito de “revolução”. A Universidade cumpriu seu papel de jogar luzes sobre as trevas.

O ataque do jornalista Lúcio Flávio Pinto se soma aos ataques da velha mídia e dos setores mais retrógrados da sociedade, que insistem em esconder a verdade e fugir do debate. E o que é pior, não escutou as partes ou buscou novas informações. Escreveu seu artigo baseado em uma entrevista concedida pela professora Rosaly Brito a um jornal local e em suas convicções, se colocou acima da Academia, desconsiderou professores e pesquisadores sérios e honestos, não buscou sequer conhecer a bibliografia proposta para a disciplina.

Ressaltamos que o jornalista Lúcio Flávio Pinto tem uma história de enorme relevância na defesa da Amazônia, tendo sido presença importante e constante em diversas atividades debate, sejam eles científicos ou relacionados aos movimentos sociais. Mas neste caso, porém, rasgou o rigor ético do bom jornalismo ao atacar os professores e professoras que propõem essa disciplina optativa e à própria UFPA, que busca realizar uma reflexão séria sobre a conjuntura política atual do país.

Nossos parabéns à valente professora Rosaly Brito e à Facom pela iniciativa de debater a relação da mídia com os sucessivos golpes à democracia no Brasil e na América Latina.

Não calarão a Universidade e nem os movimentos sociais.

 

Sindicato dos Bancários do Pará

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