O Brasil que queremos: Curso de formação une trabalhadores contra retrocessos

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Emir1Dirigentes sindicais, bancários, estudantes, professores e várias outras categorias de trabalhadores e trabalhadoras que estiveram reunidos na última sexta-feira (26), em um hotel em Belém, provavelmente devem ter lembrado em algum momento durante o seminário com o sociólogo e cientista político, Emir Sader; de um dos mais famosos gritos de protesto do socialismo: “Trabalhadores do mundo, uni-vos”.

O debate ‘O Brasil que queremos’, mesmo título de um dos livros de Emir Sader, organizado pelo Sindicato dos Bancários como parte da programação do curso de formação para delegados e dirigentes sindicais, pode ser resumido nessa célebre frase de Karl Marx.

“Parabéns ao Sindicato dos Bancários pela sua generosidade e solidariedade com os outros sindicalistas em trazer um profissional do porte que é o sociólogo Emir Sader e nos proporcionar uma manhã maravilhosa diante de uma conjuntura difícil para o povo brasileiro, onde a democracia foi extremamente abalada. Foi uma manhã onde nos fortaleceu do ponto de vista das informações do contexto em que a situação se encontra, e que nós sindicalistas precisamos ter, que é o domínio técnico da nossa corporação, mas também o domínio técnico das questões de ordem política econômica, educacional, cultural; e ele consegue dar esse banho em todas as áreas de conhecimento, essa qualidade profissional que ele tem e o seu compromisso ideológico e político à democracia brasileira”, resume a presidente do Sindicato dos Professores e Professoras das Instituições de Ensino Superior Público e Federal, Socorro Coelho.

Em pouco mais de duas horas, de uma forma clara, didática e enriquecedora, Emir Sader conclamou todos os trabalhadores e trabalhadoras à mobilização contra o retrocesso que está em um curso desde que o governo interino assumiu o poder. “Temos que mobilizar por setores, explorando os projetos conservadores que eles (Michel Temer e aliados) têm. Se eles se consolidarem, a democracia está morta”, afirma o sociólogo.

Emir3De acordo com Sader, a classe trabalhadora é o principal alvo do governo golpista. “Quem manda nesse governo são os banqueiros, eles querem constitucionalizar o neoliberalismo. Eles estão aliados contra um governo que reconheceu o direito do trabalhador e querem realizar um sonho desde 2002 que é o de tirar esse governo. Estão com a caneta na mão e compram quem puder. E em meio a toda essa crise política, o STF foi decidir sobre pipoca no cinema”, atentou o cientista político.

O alerta chamou a atenção principalmente de bancários e bancárias que estão em plena Campanha Nacional por melhores salários e condições de trabalho. “A nomeação do banqueiro Henrique Meirelles, como Ministro da Fazenda, revela o propósito claro de um governo de direita: trocar completamente a forma de governo popular para um que traga maior benefício para o setor empresarial. Por isso a reforma na previdência, limitação permanente do crescimento do gasto público, terceirização, o negociado sobre o legislado e as privatizações”, destaca.

Congresso –  Emir Sader encerrou a palestra lembrando que o atual Congresso Naciona, conservador e reacionário, também faz parte de todo esse projeto que ataca a classe trabalhadora. “Pela primeira vez temos um Congresso conservador financiado pelo empresário. Não conseguimos colocar na pauta do Congresso a redução da jornada de trabalho sem redução de salários. Também não conseguimos eleger nossos representantes (no Congresso), eleger um Congresso com a cara do povo. Por isso, de certa forma, também temos parcela de culpa de o Brasil ter chegado aonde chegou nesse cenário político”.

“A explanação do Emir Sader foi belíssima, muito construtiva e esclarecedora sobre o cenário politico e econômico do país. Um debate de qualidade, com novas informações e novos olhares sobre a importância da luta que todas as classes trabalhadoras e estudantis devem travar para impedir a destruição de direitos conquistados historicamente”, avalia a delegada sindical e bancária da Caixa em Santarém, Jacilene Pimentel.

Previdência e Campanha Nacional

Emir4A tarde o curso teve continuidade com o debate sobre o desmonte da previdência e os impactos da desvinculação da seguridade social, que contou com as contribuições do diretor de formação do Sindicato, Sandro Mattos e do secretário geral da Contraf-CUT, Carlos de Souza.

O fechamento da atividade tratou sobre a Campanha Nacional da categoria bancária na atual conjuntura e os desafios políticos e organizativos da classe trabalhadora frente à conjuntura ultraliberal que se configura com a tomada do poder federal por parte de Michel Temer e seus aliados que preparam uma agenda neoliberal de cortes de gastos, privatizações e de retirada de direitos trabalhistas.

“Vivemos um momento difícil para nossa democracia e para as conquistas históricas da classe trabalhadora brasileira e esse curso teve como objetivo discutir nossa organização e ação diante desse cenário. Nossa Campanha Nacional está para além de melhores salários e melhores condições de trabalho, ela está, a cima de tudo, direcionada para a defesa do emprego, de direitos trabalhistas e das empresas públicas. Esta será a campanha mais difícil dos últimos tempos e precisaremos do engajamento e participação de cada bancário e bancária nessa luta, pois só a luta nos garante conquistas”, destaca o diretor do Sindicato, Gilmar Santos.
Fonte: Bancários PA

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