Formação bancária reúne especialistas para debaterem os rumos do país com as reformas de Temer

0

A segunda parte do curso de formação para delegados e dirigentes sindicais, realizado pelo Sindicato dos Bancários do Pará, contou no turno da tarde com a participação do professor de economia da Universidade Federal do Pará (UFPA), Cláudio Puty, e a desembargadora presidente da 8ª região do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Suzy Koury, para debater os rumos do Brasil com as propostas de reformas da previdência e trabalhista do governo ilegítimo de Michel Temer.

Segundo o professor Cláudio Puty, “os gastos sociais não foram responsáveis pela queda do país, e muito menos a crise em que ele se encontra é culpa dos trabalhadores”. De acordo com o economista “Outras fontes poderiam ser utilizadas como forma de corte de gastos, como os juros sobre a dívida pública, desonerações fiscais e o combate à sonegação fiscal”.

Além de diminuir o salário do contribuinte, entre tantas outras condições pecaminosas que acompanham a reforma da previdência, Cláudio Puty salienta a aposentadoria especial. Pelo atual texto da reforma, o trabalhador para receber a aposentadoria especial, que é direcionada a trabalhadores com condição de periculosidade e salubridade, deve ter sofrido algum dano permanente no exercício de sua profissão.

“Ou seja, para que a pessoa tenha direito a receber este tipo de aposentadoria, agora com as novas regras, deve sofrer um trauma efetivo em trabalho. Seria algo como um médico ficar doente em serviço, contaminado por alguma doença grave”, completa o professor.

É o que aponta a desembargadora do TRT, Suzy Koury, também sobre o que chamou de monetização do risco. “Ao invés de evitar expor os trabalhadores a situações de perigo, as empresas estão pagando por isso, como forma de compensar a insalubridade e periculosidade aos quais estão submetidos”, destaca.

Ela ainda diz que a reforma trabalhista é um retrocesso para o país em décadas de lutas. “As jornadas de trabalho serão massivas e prejudiciais em longo prazo para a saúde do trabalhador, pois a flexibilização dos horários vai apenas ser outra forma de manipulação por parte das empresas”.

Outro ponto destacado por ela foi o contrato por tempo parcial, onde a desembargadora apresentou resultados de estudos em vários países onde a contratação parcial foi empregada. Na maioria deles, não houve criação de empregos, como afirma a nova reforma, além de apenas substituição de efetivos por parciais, retirando ainda mais os benefícios dos trabalhadores.

Suzy Koury é incisiva em dizer que justiça e sindicatos devem resistir juntos e trabalhar para barrar as jornadas absurdas de trabalho, bem como a imposição de um governo que não está preocupado com a seriedade das condições que estão tentando forçar. “São vidas que estão em jogo, principalmente dos trabalhadores rurais que não terão o apoio necessário no governo”, diz.

“A chance para mobilizar é agora. Vão fazer uma desconstrução tão grande que eu não sei o que vai acontecer com o país e com os trabalhadores. Temos que nos unir para não deixar isso acontecer. O país está muito quieto e isso me incomoda”, finalizou Suzy Koury.

Avaliação dos participantes – O direito a informação sobre tais dificuldades que podem ser fixadas pelo governo, é a preocupação da delegada sindical, Jacilene Pereira, que participou do evento. Bancária da Caixa no município de Santarém, ela diz que eventos como esse são de grande importância para ajudar os colegas. Diz também que os cursos devem ser levados para as subsedes no interior, facilitando o contato com os bancários das outras regiões do estado.

“Esse curso é uma atividade muito esclarecedora, enriquecedora e que ajuda na formação da opinião sobre os nossos direitos. Muitos colegas ainda precisam ser estimulados a participar e entender o que está acontecendo, e essa formação permite que eu possa ajudar dentro do meu ambiente de trabalho e mobilizar em prol dos nossos interesses de trabalhadores e trabalhadoras”, afirma Jacilene.

Leia também: Curso une delegados e dirigentes sindicais contra a Reforma da Previdência e Trabalhista

 

Fonte: Bancários PA

Comments are closed.