Do luto à luta: Quadro de Apoio veste preto, resiste e com orientação jurídica, não assina aviso de desligamento

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Resistência é a capacidade que o ser humano tem de suportar algo, é a defesa contra uma investida, segundo o dicionário. E neste 1º de junho, há mais de 6 meses, desde que o Banco da Amazônia informou sobre a demissão do Quadro de Apoio, resistir é o que os 145 empregados e empregadas têm mais feito.

Em frente à matriz do banco a resistência deu-se em forma de abraços em meio às lágrimas, e também de lembranças.

“Nós chegamos aqui com toda garra pra dar nossa força pro banco. Abdicando muitas vezes de ficar ao lado da nossa família, dos nossos filhos, pra poder fazer o melhor no nosso trabalho e pra poder engrandecer o banco que nos alimenta, que nos dá o nosso pão de cada dia. Nós chegamos aqui cheios de caldo da nossa laranja, então agora o banco sugou todo o caldo e quer nos jogar no lixo e assim que estou me sentindo”, desabafa a bancária do QA, Sandra Souza, durante mais um ato de resistência.

A mobilização desta quarta-feira (1º) começou horas antes de Sandra e os demais colegas receberem em mãos o aviso prévio de demissão.

“O Sindicato orienta os integrantes do Quadro de Apoio a não assinarem o campo de recebimento dos avisos de desligamento, anotando em espaço em branco a seguinte justificativa – ‘Registro que deixo de assinar o Aviso de Desligamento por entender que a iniciativa pela minha dispensa configura tentativa de demissão ilegal praticada pelo Banco da Amazônia S.A., na medida em que contraria a constituição e outras leis federais vigentes. Por fim, registro que a conduta do banco ensejou demanda já sob análise do Ministério Público do Trabalho (Procedimento nº 001272.2021.08.000/2), em procedimento ainda não finalizado e em plena tramitação’”, explica a presidenta do Sindicato, Tatiana Oliveira.

As orientações também foram entregues impressas e repassadas via Whatsapp a todos os bancários e bancárias do Quadro e uma equipe de advogados do escritório Mary Cohen estava pessoalmente à disposição para outros esclarecimentos em frente à matriz do banco.

Luto

“Meu nome é Bianca Mascarenhas, eu sou empregada do Banco da Amazônia há quase 38 anos e hoje é um dia de luto; pra mim, para os meus 145 colegas que também estão sofrendo o mesmo assédio, a mesma pressão e suas famílias por causa dessa empresa pública, que é do povo. Uma empresa a qual nós fizemos concurso público e hoje estão ameaçados de perder o nosso emprego público. Além de muita revolta, é um sentimento de muita tristeza, é um misto de sentimentos na verdade. Tem muita raiva, tem um sentimento de injustiça muito grande, porque nós construímos essa empresa durante todo o tempo que essa empresa não tinha empregados, fomos nós que fizemos isso e hoje é como se a gente fosse uma laranja usada e descartada, é como se nós não tivéssemos valido de nada, somos tratados como se fosse uma coisa a tirar do caminho. Então é com muita tristeza, revolta, mas também com muita esperança na justiça divina e dos homens. Nós esperamos vencer, reverter e mostrar pra essas pessoas a nossa importância”, confessa a bancária do Quadro de Apoio que vestia a blusa, na cor preta, que virou uma espécie de uniforme do QA.

Nas culturas ocidentais, como é o caso do Brasil, colonizado por portugueses, o preto tem sua origem nos povos romanos, que usavam uma espécie de toga preta básica em situações de luto.

A cor preta está associada à escuridão, falta de luz, cor da noite, da tristeza e do sofrimento pela perda de um ente querido. No caso do Quadro de Apoio, a tristeza, a dor e o sofrimento se misturam a esperança, a fé e a resistência.

“Nós não vamos desistir e vamos resistir por mais quanto tempo for preciso contra as demissões. Eu quero me solidarizar também com todos os colegas do Quadro de Apoio, muitos são amigos íntimos, de história que nós vivemos juntos trabalhando e de história que nós fizemos juntos na luta pelos nossos direitos desde que entramos no banco, porque para quem não sabe, desde que o Quadro de Apoio entrou no banco foi na luta. Nós buscamos e exigimos direitos para que eles fossem aplicados ao segmento do banco que trabalhava e era uma empresa terceirizada, e precisávamos sermos reconhecidos como tal, porque já exercíamos atividade bancária até mesmo antes de sermos do quadro do banco”, lembra com saudosismo o secretário geral do Sindicato e coordenador da comissão de empregados do Basa, Sérgio Trindade.

Próximos passos

Em virtude do ato desta quarta-feira, a reunião que estava prevista para hoje, às 18h, na sede do Sindicato está suspensa.

Na sexta-feira (3), às 8h30, manifestação em frente à sede do Ministério Público do Trabalho Av. Governador José Malcher, 652, Nazaré. Às 9h tem início a audiência presencial com procurador e representantes do banco.

 

Fonte: Bancários PA com Iformolo

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