Documentário da Brasil Paralelo influenciou ataques da extrema direita contra Maria da Penha, agora sob proteção do estado

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Símbolo de luta no combate à violência contra a mulher, a ativista Maria da Penha Maia Fernandes foi incluída, na última sexta-feira (7), no Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos (PPDDH) do governo do Ceará. Ela precisou da proteção do Estado após ser vítima de diversos ataques da extremistas de direita.

Maria da Penha, que dá nome à principal lei brasileira criada para coibir atos de violência doméstica, se tornou vítima de grupos classificados como masculinistas.

Um documentário lançado no ano passado pela produtora Brasil Paralelo pode ter sido um dos gatilhos para a onda de desinformação e disseminação de ódio contra Maria da Penha nas redes sociais. É o que conta a influenciadora digital e publicitária Carolline Sardá.

“No ano passado eu tive contato com o documentário da Brasil Paralelo, que é muito perigoso, que trata da versão do agressor da Maria da Penha, levanta a voz dele e difama, de certa maneira, a própria Maria da Penha. Eu fiz diversas lives desmentindo o documentário, analisando a estratégia publicitária por trás, porque a produtora de extrema direita é muito conhecida por gastar milhões em anúncios publicitários nas redes, conhecida por ter gasto mais de R$ 22 milhões nas redes nos últimos tempos. Só em 2024, [gastou]mais do que o dobro que a Secom. É difamatório, mentiroso e muito problemático”, explica Carolline.

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, foi quem fez pessoalmente o pedido ao governador do Ceará, Elmano de Freitas, para incluir Maria da Penha no programa de proteção do estado. Elmano manifestou apoio a Penha, a quem se referiu como “grande mulher”. Ele lembrou que ela transformou a dor de ter sido vítima de violência doméstica – o que incluiu duas tentativas de assassinato – em força para lutar.

Em nota, o próprio Ministério das Mulheres explicou que as fake news relacionadas a Maria da Penha foram publicadas em redes sociais com base na ideia falsa de que ela teria sofrido um assalto, e não vítima de tentativas de feminicídio pelo ex-marido, Marco Antônio.

“Não tem como desvincular a culpa do documentário, até porque quando você entra nas postagens do Instituto Maria da Penha, do próprio perfil da Maria da Penha, ou de perfis que falam sobre Maria da Penha, nos comentários sempre você vai encontrar extremistas falando ‘vejam a verdade oculta no documentário da Brasil Paralelo, vejam como Maria da Penha é mentirosa no documentário dessa produtora'”, argumenta.

“Quando eu fiz as lives falando sobre esse documentário, eu fiz o alerta já avisando que certamente Maria da Penha sofreria represálias por conta do documentário, porque era mais de uma hora e vinte minutos dando a versão do agressor, do Marco Antônio, que foi condenado, sentenciado, passou por todo o processo legal, teve direito a defesa, e apenas 15 minutos dando a versão da Maria da Penha”, descreve Sardá.

A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta segunda-feira (10) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.

 

Fonte: Brasil de Fato

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