Mais de 40 demissões e pelo menos 10 agências do Bradesco fechadas em toda a Região Metropolitana de Belém, de janeiro até agora. Esse é o saldo negativo que o funcionalismo do banco contabiliza e o Sindicato acompanha de perto. “Muitos dos demitidos são colegas adoecidos que nos procuram em busca de orientação. Infelizmente quando eles mais precisam de um plano de saúde digno, não podem contar, porque estão desempregados e perderam o plano. E quem vai ficando, acumula a sobrecarga de trabalho, a pressão por metas e a angústia em poder ser o próximo da fila dos sem-emprego”, conta a diretora de saúde da entidade e bancária do Bradesco, Heládia Carvalho.
O relato em forma de ato, na manhã desta quarta-feira (3), foi feito em frente ao que um dia foi agência e hoje virou unidade de negócios da Batista Campos, na capital paraense. Na prática, com essa mudança, a unidade deixa de ter caixa físico dentro da agência e passa a contar somente com caixas eletrônicos no autoatendimento.
“O que está sendo colocado em curso é o plano de reestruturação do banco, anunciado pela empresa durante coletiva à imprensa; onde os mais impactados junto com o funcionalismo, são clientes e usuários. O fechamento de unidade gera demissão uma vez que não tem espaço para alocar os trabalhadores e trabalhadoras, com menos agências e bancários, o atendimento fica prejudicado”, explica o diretor de Comunicação do Sindicato, Gilmar Santos.
Plano de reestruturação
Durante o Encontro Nacional dos Funcionários do Bradesco em São Paulo, no mês passado, o economista do Dieese, Gustavo Carvazan, fez uma apresentação do Plano Estratégico do Bradesco, reestruturação que está sendo implementada pelo banco após quedas no lucro (de 28,4% de 2019 a 2020, e de 43,8% de 2021 a 2023) e rentabilidade (de 19,9% em 2019, para 10% em 2023) desde a pandemia. O plano, cujo principal objetivo é elevar os resultados do banco, começou a ser concretizado este ano, será realizado paulatinamente de trimestre a trimestre e terá duração de 5 anos (até 2028). Ele prevê, em linhas gerais:
. Bradesco continuará atuando na área de varejo massificado, mas com outros custos. O que significa jogar esse segmento para atendimento em correspondentes bancários. Segundo o banco, as agências físicas permanecem apenas nos grandes centros urbanos, mas em outras localidades o Bradesco Expresso (rede de correspondentes) será o canal essencial; vai continuar atuando fortemente no segmento de pequenas e médias empresas;
. Investir em um novo segmento, de afluentes, que são os clientes de alta renda. Muitos desses clientes, apesar de terem contas no Bradesco, preferem fazer investimentos em outros bancos. A intenção do banco é atender esses clientes através da Ágora Investimentos (do Grupo Bradesco), cujos especialistas trabalham no modelo autônomo.
. Contratação de 3 a 4 mil pessoas da área de TI;
. Investimento em canais de atendimento com mais tecnologia e IA (Inteligência Artificial).
Para implementar seu Plano Estratégico, o Bradesco dividiu a operacionalização da empresa em dois setores: Run the Bank (que se ocupa de manter o funcionamento do banco) e Change the Bank (com uma equipe empenhada em pensar e implementar as mudanças no banco). Além disso, fez mudanças estratégicas em sua diretoria, trazendo de fora executivos para ocuparem duas importantes vice-presidências: a de negócios digitais e a de Recursos Humanos.
Segundo o Bradesco, 2024 é um ano inicial e ainda não serão vistas grandes transformações, mas elas começam a aparecer em 2025. O economista destacou que o banco já começou a recuperar seus patamares de lucro: o resultado no primeiro trimestre de 2024 (de R$ 4,2 bilhões) já foi 46% maior que o do quarto trimestre de 2023. E a inadimplência, que chegou a ser de 6,7% para PF entre 2022 e 2023, também está voltando a patamares mais próximos da média do setor bancário. Mas o emprego continua diminuindo no Bradesco: em um ano foram 578 postos de trabalho a menos; em dois anos foram extintos 1.854 empregos e, desde 2016, são 23.159 postos de trabalho fechados.
Eixo de luta
O ato de hoje faz parte do eixo de luta aprovado durante o Encontro Nacional: a realização de uma campanha nacional em defesa do emprego, contra o fechamento de agências, combater as metas abusivas e melhorias no plano de saúde.
Fonte: Bancários PA com Contraf-CUT