Itaú negocia com Citi custos para enxugar estrutura da Credicard

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O Itaú Unibanco está no estágio final das negociações para a compra da Credicard, a unidade de cartões do banco americano Citi, afirmou um executivo próximo da operação ao Valor. Na agenda das conversas agora, porém, está um ponto fundamental para o banco comandado por Roberto Setubal: a eficiência. Ainda assim, a expectativa dentro do banco americano é anunciar a venda no começo da próxima semana.

O Itaú busca entrar em acordo com o Citi sobre o que fazer com cerca de 1,2 mil empregados que herdaria da Credicard, além das cerca de 100 lojas de rua da operação da Credicard Financiamentos, promotora de vendas que faz parte do pacote ofertado. Para o banco brasileiro, incorporar integralmente os dois ativos poderia minar ganhos de eficiência que tem promovido no último ano, envolvendo, inclusive, cortes de pessoal. O Itaú fechou o primeiro trimestre com 89,61 mil funcionários no Brasil, 6,68 mil a menos que em igual período de 2012.

Uma das dúvidas da negociação é quem arcaria, Itaú ou Citi, com os custos de eventuais demissões que precisariam ocorrer ou até do fechamento de lojas de rua da promotora. Outra discussão é quanto tempo o banco precisaria segurar esses funcionários. Bradesco e Santander, que também entregaram propostas pela Credicard, tiveram dificuldade em resolver esse ponto. Em comum, os três bancos consideraram que a estrutura da Credicard é inchada e que precisaria ser reduzida. Na segunda-feira, o Citi comunicou aos outros dois bancos que eles estavam fora da disputa. A negociação, então, passou a ser exclusiva com o Itaú.

No raciocínio do Itaú, relata um interlocutor que acompanha as negociações, levar a Credicard significa evitar o avanço de concorrentes numa área em que lidera com certa folga. Depois que se fundiu com o Unibanco, o Itaú deu um verdadeiro salto à frente de seu grande concorrente privado, o Bradesco. De lá para cá, o banco da Cidade de Deus encurtou essa distância. Com a Credicard, o Bradesco encostaria no Itaú em uma área chave do banco: os cartões. Estimativas de mercado dão conta que a participação do Itaú em volume de transações em cartões é pouco maior que 30%. O Bradesco está praticamente empatado com o Banco do Brasil, na casa dos 20%. A compra da Credicard representa até 5% de fatia. O Santander tem pouco mais de 7% de participação. Em 2012, o mercado de cartões movimentou R$ 724,3 bilhões.

“Para o Itaú, é quase uma questão de honra ficar com a Credicard. O banco não podia deixar uma base de clientes que foi originalmente criada por ele, Unibanco e Citi cair nas mãos de um concorrente, que não participou dessa criação”, afirma uma fonte. Os três bancos citados foram os fundadores da Credicard.

Mais do que nostalgia, o interesse do Itaú envolve trazer para dentro de casa cartões de quem hoje é correntista do banco, mas usa o meio de pagamento da Credicard. Segundo um executivo que teve acesso aos números, na Credicard há uma quantidade relevante de correntistas do Itaú.

A razão é histórica. Em 2004, o Unibanco vendeu sua participação na Credicard para os outros dois sócios, metade para cada. Em 2006, Citi e Itaú assinaram o fim da parceria e um algoritmo matemático ficou responsável por dividir a carteira de cartões entre os dois. Sobrou dentro do Citi, então, uma fatia de clientes do antigo Unibanco – hoje correntistas do Itaú – mas que têm cartão da Credicard.


Fonte: Valor Econômico

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