O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta terça-feira 27, durante ato em homenagem aos 30 anos da CUT, que o movimento sindical “tem que ir pra rua” e, junto com os setores progressistas da sociedade, deve investir mais na organização de seus próprios meios de comunicação, em vez de esperar imparcialidade da mídia tradicional em relação aos governos e às reivindicações de esquerda.
Para Lula, é preciso parar de reclamar por não ter saído no jornal ou ganhado destaque na imprensa. Os chamados formadores de opinião, disse Lula, eram contra as eleições diretas para presidente, contra o impeachment de Fernando Collor e contra a eleição dele e da atual presidenta, Dilma Rousseff.
O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, participou do ato pelos 30 anos da CUT (que serão completados em agosto), realizado no auditório do Hotel Jaraguá, no centro de São Paulo.
Lula disse que o próprio movimento sindical tem um aparato ‘poderoso’ de comunicação, mas desorganizado. “Quero parar de reclamar que os que não gostam de mim não dão espaço. Por que a gente não organiza o nosso espaço? Por que a gente não começa organizar a nossa mídia? Nós sabemos o time que temos, o time dos adversários e o que eles querem fazer conosco. Vocês têm de analisar qual é o espaço de imprensa que o movimento sindical tem.”
Dar um salto e ir além do economicismo
Dirigindo-se ao presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, Lula afirmou que a entidade tem de “dar um salto” e passar a atuar mais no auxílio aos movimentos sociais com pouca estrutura. “Não é apenas a luta corporativa. Esse economicismo é bom, mas não é tudo. Faça todas as brigas que tiver de fazer, internamente, mas quando terminar a CUT tem de ir pra rua. A CUT não nasceu para ficar dentro de um prédio.”
Segundo Lula, um dos criadores da CUT, em agosto de 1983, o radicalismo da central era necessário, nos primeiros momentos, para se firmar. “As pessoas não convidavam a gente para a festa deles. Tínhamos de falar grosso para subir um degrau. O importante é não perder o limite, a compreensão, as possibilidades da luta política, da correlação de forças.”
Assim, acrescentou, o movimento sindical não pode abrir mão de reivindicar, mas deve também saber negociar. “Se vocês virarem dirigente sindical chapa-branca, não vale a pena. Se for só do contra, também não vale a pena. Para valorizar o que a CUT tem feito e vai fazer, temos de imaginar como seria o Brasil sem ela. É preciso repensar o papel histórico da CUT.”
‘Massa salarial continuará crescendo’
A economia brasileira, “apesar do pessimismo”, vai crescer, disse ainda Lula na reunião da direção nacional da CUT, que completará 30 anos em agosto. “O emprego e a massa salarial vão continuar crescendo. A situação geral vai melhorar, apesar dos que torcem para não dar certo.”
Ele citou os atuais indicadores do desemprego no país, medidos pelo IBGE, que apontam os menores índices da série histórica. Comparou a taxa de dezembro (4,6%) com as da Europa, que têm se mantido elevadas. “Eu sinto orgulho”, disse Lula, ao se referir à situação do mercado de trabalho no país.
O ato teve a presença de todos os ex-presidentes da central: Jair Meneguelli (1983-1994), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (1994-2000), Kjeld Jakobsen (interino, de maio a agosto de 2000), João Felício (2000-2003), Luiz Marinho (2003-2006) e Artur Henrique (2006-2012). Dois prefeitos foram à cerimônia – o próprio Marinho, reeleito em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e Carlos Grana, de Santo André.
Fonte: Contraf-CUT e Rede Brasil Atual