Das 10h às 22h, 12h ininterruptas de programação. Assim foi a 6ª edição da Feira Feminista Solidária na sede do Sindicato, nesta quinta-feira (29), em Belém, que teve também a presença de várias regiões paraenses representadas, como o nordeste do Estado, mais precisamente o assentamento João Batista, em Castanhal.
Maria Fernandes, estudante de licenciatura em educação do campo, foi uma das expositoras pelo segundo ano consecutivo de Feira e fala com orgulho dos produtos que estavam à venda e foram todos vendidos. “A agricultura familiar pra mim é a minha vida, porque a gente consegue produzir alimento saudável, sem uso de agrotóxico; e o que a gente se alimenta no Assentamento, a gente consegue repassar para os compradores que estão visitando a Feira, um alimento com qualidade”, afirma.
E quem comprou, aprovou, não somente os produtos expostos, mas toda a programação. “Eu estou gostando muito, tem uma diversidade de produtos. A gente já comprou bastante, tanto das pulseiras, a parte de alimentação; está bem diversificado as coisas, está muito gostoso o ambiente; além de tentar ajudar e construir mais ainda com a economia solidária”, destaca a aposentada, Keyla Silva.
Entre uma compra e outra, ela e várias outras mulheres puderam também participar das oficinas 0800, de produção de alimentos saudáveis, com Larissa Pontes da Casa Criativa; defesa pessoal, com Marcelo Vaz, mestre de jiu-jitsu faixa preta, 5° grau; e compostagem e manejo de resíduos.
“Reutilizar a gente usa novamente os produtos, os frascos que a gente tem, a gente renova; e a gente também pode reduzir, diminuir as coisas que a gente consome. Muita coisa que a gente consome, principalmente o refrigerante que leva muito plástico”, explica a bióloga e antropóloga, Cláudia Kahwage, sobre a diferença entre reciclar e reutilizar, e ainda ensinou como fazer uma composteira em casa.
Roda de conversa
A Feira Feminista vai além de uma feira, ela é também espaço de conversa, troca de saberes e vivências, além do fortalecimento e acolhimento feminino.
“A gente percebeu que essa Feira aqui foi uma feira que veio muita gente de outros municípios, como lá do Acará, Barcarena, Ananindeua, Marituba; realmente foi uma coisa muito boa que vai fazer com que a gente cada vez mais, cada uma de nós que viemos pra cá, possa nos inspirar para que a gente possa cada vez mais nos fortalecer como empreendedoras de fato de economia solidária, e digo assim, feminista, porque aqui é realmente o nosso espaço para que a gente possa trocar as nossas ideias com a economia do cuidado e a economia feminista”, conta a socióloga e coord. da Rede de Economia e Feminista-PA, Gercina Araújo, que também é militante da Marcha Mundial de Mulheres
E por falar em acolhimento, quem é que cuida das mulheres que diariamente cuidam dos seus e de outros? Foi para responder essa pergunta e quais as iniciativas do Governo Federal para a implantação de uma Política Nacional de Cuidados, que a Feira convidou a Secretaria Nacional de Autonomia Econômica e Política de Cuidados, do Ministério das Mulheres.
“Pra diminuir a desigualdade salarial, as desigualdades que a gente como mulher encontra no mercado de trabalho; um dos pilares da nossa atuação é a Política Nacional de Cuidado. A gente trabalhou junto com o Ministério do Desenvolvimento Social, na coordenação com um grupo de trabalho interministerial, pra gente desenvolver a lei e um plano nacional de cuidados. A lei que estabelece a Política Nacional de Cuidados foi sancionada pelo presidente Lula em dezembro de 2024, e agora a gente está trabalhando aqui pra que seja publicado o decreto que estabelece o Plano Nacional de Cuidados”, descreve a chefa de Gabinete da Secretaria, Ananda Marques, que esteve representando a secretária, Rosane Silva, que precisou acompanhar outra agenda.
A Lei 15.069/2024 traz o reconhecimento do cuidado como um direito fundamental e como um trabalho essencial para o bem-estar e a sustentabilidade da sociedade. Com essa legislação, o Estado assume a responsabilidade de garantir cuidados a quem precisa, ao mesmo tempo em que busca dar visibilidade e apoio às pessoas que realizam esse trabalho, majoritariamente mulheres.
A medida visa corrigir desigualdades, promovendo uma divisão mais justa das responsabilidades de cuidado entre homens, mulheres, famílias e os setores público e privado.
Outro assunto falado durante a roda de conversa foi o enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher pela advogada Marcelle Oliveira, do escritório Trindade & Oliveira que tem convênio com o Sindicato.
“É que na mesma perspectiva de Sindicato Cidadão, a Feira Feminista adota temáticas e causas de interesse das mulheres e da sociedade em geral. O Sindicato, além de ações de sustentabilidade no dia a dia, está engajado nos debates da Cúpula dos Povos e da COP30. Quero agradecer a presença, a confiança, e dizer como a gente não pode mudar tudo, a gente vai até onde a gente pode, e o que a gente pode fazer no momento? Lutar por políticas públicas ligadas à nossa segurança, lutar por uma rede de serviços que atenda as mulheres em situação de violência e garantir o nosso preparo, digamos assim, em defesa pessoal para que a gente possa se desvencilhar do agressor”, ressalta a diretora de mulheres do Sindicato, Salete Gomes.
Fonte: Bancários PA