Reflexões sobre a Cassi

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Alberto Rocha Cunha*

O custeio da Cassi se baseia em uma regra básica: todos que têm renda contribuem com um percentual igualitário, para que todos usem, inclusive os que não tem renda (dependentes).

Querem quebrar essa regra, impondo a alguns um valor além da sua capacidade de pagamento.

Isso terá como consequência óbvia o afastamento de diversos colegas da Cassi, por absoluta falta de capacidade de pagamento.

Significará menos valores entrando na Cassi, sobrando para os que ficam uma conta mais pesada.

Em pouco tempo, novos ajustes serão necessários. Com o voto de minerva, o banco poderá impor a solução que quiser, inclusive onerar mais os mais idosos.

Aí, nova leva de colegas serão empurrados para fora do plano, impondo novos ajustes aos que ficam, sem onerar o Banco, possuidor do voto de minerva para decidir tudo sozinho.

Quem pensa que está se dando bem com a proposta atual, por não ter dependentes, em breve verá a conta chegar, com juros e correção.

Há quem defenda a cobrança por dependentes, porque “todo plano de saúde cobra” e “não é possível pessoas usarem sem pagar”.

Se nossa contribuição à Cassi fosse um valor fixo para todos, essa premissa estaria correta. Mas não é.

Pagamos um percentual sobre os nossos salários e o Banco paga um percentual sobre a folha.

Quem paga mais, paga por si e por outros que pagam menos ou que não pagam. E pode continuar sendo assim. Se mudar essa regra, estaremos definitivamente abandonando a Cassi solidária.

Logo logo, quem tem dependentes e é novo vai questionar porque paga o mesmo percentual que um idoso. Afinal, “todo plano de saúde cobra por faixa etária”.

Aí, basta vencer uma eleição, votar com o Banco e implantar a cobrança por faixa etária. Ou nem isso. Com o voto de minerva ou o conselheiro “neutro”, o Banco implantaria a cobrança por faixa etária num piscar de olhos.

Se está faltando dinheiro, a Cassi tem que diminuir os gastos, o que pode ser feito com investimentos em TI e serviços próprios, além de mais controle; e/ou aumentar receitas, com aumento de contribuições, mantendo o modelo atual.

O Banco só está impondo a cobrança por dependentes porque quer se livrar do pagamento para os aposentados e quebrar a relação de 1,5 para 1 no custeio.

Aí inventa essa engenharia que nos divide e vai afastar muita gente da Cassi.

Quando vier novo desequilíbrio, para se safar, joga novamente a conta para os associados.

*Alberto Rocha Cunha é Ex-presidente do Sindicato dos Bancários do Pará e bancário aposentado do Banco do Brasil

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