Senado aprova Galípolo no comando do BC

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A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira (8) a indicação do economista Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central (BC). Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em setembro, Galípolo recebeu aprovação unânime. Ao final da sabatina, foram 26 votos a favor e nenhum contra.

Após aprovação na CAE, o nome de Galípolo ainda precisava passar pelo plenário do Senado. Dado o placar folgado após a sabatina, era aguardada a aprovação com folga do novo presidente do BC. Foram 66 votos a favor e apenas cinco contrários.

Assim, ele substituirá Roberto Campos Neto, cujo mandato vai até o dia 31 de dezembro. O mandato de Galípolo à frente da autarquia inicia em janeiro de 2025 e segue até dezembro de 2028.

Desenvoltura na sabatina

Durante a sabatina, Galípolo foi questionado sobre a gestão Campos Neto e também sobre sua relação com Lula. Elogiou o trabalho do atual presidente do BC, bem como o presidente da República, saindo pela tangente. “Sempre fui muito bem tratado pelos dois. Não consigo fazer qualquer queixa a nenhum deles. Sinto não poder corroborar com uma ideia de que poderia existir alguma polarização”, disse.

O economista ainda reiterou que Lula lhe concedeu total liberdade para atuar no BC. “Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar com o presidente, me foi dada a garantia de liberdade na função. Cada ação e decisão deve se pautar no bem-estar dos brasileiros”, acrescentou.

Ele reforçou que o BC tem a “grande responsabilidade” de controlar a inflação do país. Desse modo, disse que a autoridade monetária acaba sendo o “primeiro dos pessimistas e último dos otimistas”, justificando o tratamento conservador do BC.

Galípolo não deu qualquer sinalização de que o comportamento do BC será diferente durante sua eventual gestão. Ressaltou que cabe ao governo estabelecer a meta de inflação. Ao BC, cabe perseguir a meta.

“Hoje nós temos uma meta estabelecida através do decreto de 3% e cabe ao Banco Central perseguir essa meta de maneira inequívoca, colocando a taxa de juros num patamar restritivo pelo tempo que for necessário para atingir essa meta”, declarou.

Sobe e desce dos juros e autonomia do BC

Nesse sentido, os senadores também o questionaram sobre como pretende agir em caso de necessidade de aumento da taxa básica de juros no País. Isso porque o tema foi um dos principais alvos de crítica de Lula à gestão de Campos Neto. Galípolo, no entanto, se apegou à sua trajetória no órgão para dizer que está habituado a votar a favor e contra a subida da Selic. “Em um ano e meio, já cortei, subi e mantive. Completei a caderneta. Já fiz as três opções que um diretor de política monetária pode fazer”, ironizou.

Sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 65/2023, que amplia a autonomia da autoridade monetária do BC, Galípolo disse que não se trata “virar as costas” ao poder democraticamente eleito. “De maneira nenhuma, a ideia de autonomia deve passar uma ideia de que o Banco Central vai se insular e virar as costas ao poder democraticamente eleito. Não se trata disso. Ocorrem legislações novas diariamente, que podem alterar a atuação do Banco Central, e ao Banco Central não cabe legislar”, disse.

Quem é Galípolo

Indicado para comandar o BC, Galípolo tem 42 anos e se formou em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). É mestre em Economia Política pela mesma instituição, na qual também lecionou na graduação. Também deu aulas na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp). Posteriormente, ocupou cargos na área econômica no governo José Serra (PSDB), em São Paulo.

Além disso, passou pelo setor privado, comandando por quatro anos o Banco Fator. Em 2009, fundou a Galípolo Consultoria, onde trabalhava até chegar ao Ministério da Fazenda. No ministério, ocupou a função de secretário-executivo, atuando como braço direito de Haddad.

Assim, como diretor de Política Monetária, função que assumiu em julho do ano passado, Galípolo acabou votando junto com Campos Neto, nas decisões que primeiro mantiveram a Selic – a taxa básica de juros – em 10,50% ao ano, e mais recentemente, elevaram em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano. Nesse sentido, as altas taxas de juros motivaram sucessivas críticas de Lula à gestão de Campos Neto – indicado por Bolsonaro em 2018 – no comando do BC.

Fonte: TVT News

 

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