Campanha Sindicato Solidário desembarca em Santarém e leva solidariedade

0

Luci Nascimento é mãe solo de duas meninas, formada em serviço social está fora do mercado de trabalho formal há alguns meses e faz parte dos 14,3 milhões de desempregados. Para não entrar em outra estatística, a da insegurança alimentar, Luci precisa complementar a fonte de renda que vem do auxílio emergencial, aulas particulares de reforço; e assim tentar garantir o básico para ela e toda família, o que nem todo mês é possível.

No Brasil, mais da metade da população (55,2%) conviveu com algum grau de insegurança alimentar nos últimos três meses de 2020 (isso quer dizer que não tiveram certeza se haveria comida suficiente em casa no dia seguinte e/ou que tiveram que diminuir a qualidade e a quantidade do consumo de alimentos e/ou não tiveram nada para comer).

Desse total, que corresponde a 116,8 milhões de pessoas, 19 milhões vivenciaram insegurança alimentar grave, isto é, passaram fome. A maior taxa desde 2014.

11,1% dos domicílios que não tiveram o que comer, entre algum desses dias do último trimestre do ano passado, são chefiados por mulheres.

O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), foi feito em parceria com a Action Aid Brasil, Friedrich Ebert Stiftung Brasil (FES Brasil) e Oxfam Brasil, com apoio do Instituto Ibirapitanga.

Mas a ‘luta pela sobrevivência’, como Luci define, já não é mais enfrentada só. Há pouco mais de um mês, a batalha pela vida da autônoma, ganhou um reforço de peso que traz no nome os sinônimos de coletivo, luta e mulher. O Clube da Luta Feminina ensina Luci e outras 9 mulheres do bairro Vista Alegre do Juá, em Santarém, oeste do Pará, sobre empoderamento feminino e econômico, a partir da oficina de biojóias, e que na terça-feira (27) ganhou o apoio do Sindicato dos Bancários que fez a doação de 13 cestas básicas.

“Como nessa pandemia a internet tem sido o principal meio de comunicação por conta do distanciamento social como uma das principais medidas de prevenção, foi em uma rede social que conheci o projeto delas, apresentei à direção do Sindicato que faz parte da campanha ‘Sindicato Solidário’, criada pela Contraf-CUT, e foi aprovada mais essa doação de cestas aqui na região. A segunda em pouco mais de um mês”, comenta a dirigente sindical e bancária do BB em Santarém, Rafaela Carletto.

É também nas redes sociais do Clube da Luta Feminina que as peças confeccionadas nas oficinas são colocadas à venda. Todo o dinheiro arrecadado será compartilhado, em partes iguais, com todas as alunas do projeto.

“É uma forma de ajudar todas elas a darem um pontapé inicial em seus próprios empreendimentos. Além das oficinas que ocorrem todos os sábados, em dois turnos, os kits para confecção das biojóias e a matéria prima foram doadas pelo Clube, e ao final dessas oficinas, os kits ficarão com elas para que possam continuar a tocar seus próprios negócios em casa, e para que esse sonho que começa a virar realidade se concretize e faça parte da vida delas, nós também já tivemos palestras sobre empreendedorismo feminino e redes sociais”, conta uma das coordenadoras do projeto, a jornalista Isabelle Maciel.

Além das oficinas, o Clube da Luta Feminina tem parceria com um grupo de advogadas que a cada 15 dias dão orientações jurídicas às participantes do projeto, e nos próximos dias, as mulheres assistidas também contarão com apoio psicológico, de forma remota.

“O projeto pra mim está sendo muito importante para eu aprender nas oficinas com algo que possa somar à minha renda. Mas o trabalho do Clube vai além desse suporte, as orientações das especialistas são fundamentais para o nosso autoconhecimento. A gente conversa, ouve umas as outras, e a gente começa a perceber que nós estamos numa mesma luta para sobreviver, para sustentar nossa família, nossos filhos, e essa forma da gente trabalhar juntas é uma forma também da gente buscar nossa autoestima, se amar mais, se conhecer mais como mulher, mãe e como ser humano também, pois nesses encontros a gente acaba ajudando umas as outras”, define Luci Nascimento, uma das participantes do coletivo que abrimos essa matéria contando um pouco da história dela.

E para que Luci e outras mães possam comparecer em todas as aulas sem a preocupação com quem deixar seus filhos, o Clube da Luta Feminina tem parceria com outro projeto que cuida exclusivamente das crianças e adolescentes durante as oficinas.

“A maioria delas são mães solo em situação de vulnerabilidade social, e, portanto não tem com quem sequer deixar os filhos para poderem participar de nossas atividades, e como forma de garantir a participação delas em todas as aulas, que é de fundamental importância nesse processo de formação, temos parceria com essa iniciativa responsável pela recreação da garotada”, explica Isabelle.

Clique aqui para conhecer um pouco mais sobre o trabalho do Clube de Luta Feminina

Sindicato Solidário

A Campanha Sindicato Solidário surgiu no ano passado, ainda no começo da pandemia do coronavírus. Inúmeras ações de solidariedade movimentaram a rede de sindicatos e federações ligados à Contraf-CUT.

Para a segunda fase da mobilização, a Confederação disponibilizou às federações e sindicatos as artes de camisetas e máscaras com a logomarca da campanha ‘Sindicato Solidário’. Os materiais podem servir para a venda e arrecadação de fundos para o auxílio às populações carentes. Iniciativas de apoio acontecem em todo o país.

Para ter mais informações da campanha e conhecer a lista de entidades, clique aqui.

 

Fonte: Bancários PA com Contraf-CUT e Brasil de Fato

Comments are closed.