Defender vidas e empregos será decisivo na Campanha Nacional 2020

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Proteger a vida da categoria diante da pandemia, além de empregos e direitos diante da digitalização acelerada dos bancos nesse período estarão no centro das negociações

As reformas trabalhista e da previdência e as terceirizações não geraram todos os empregos propagandeados pelos empresários, pela imprensa comercial e pelos políticos alinhados aos interesses do setor patronal, como o próprio presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da economia Paulo Guedes.

Na verdade, essas medidas ampliaram o desemprego e a precarização das relações de trabalho no país, o que tem se acentuado durante a pandemia do novo coronavírus.

Durante a 15ª Conferência Bancária do Pará, realizada pela primeira vez via teleconferência pelo Sindicato dos Bancários nos dias 03 e 04 de julho, essa questão foi debatida no segundo dia do evento.

No painel sobre “Conjuntura econômica e financeira em meio a crise da pandemia do Covid-19”, apresentado pela economista e técnica do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos – DIEESE, Cátia Uehara, alguns dados apresentados ajudam a compreender que os desafios colocados para a categoria bancária na Campanha Nacional 2020 são grandes, sobretudo no que diz respeito à defesa da vida e dos empregos.

Digitalização bancária avança na pandemia

O balaço financeiro dos bancos em 2019, apresentado por Cátia Uehara, apontava que 63% das transações bancárias realizadas durante o ano ocorreram por internet banking. Só que de março a junho desse ano, em meio à pandemia do Covid-19, esses números subiram para 74% das operações bancárias efetuadas no Brasil e através do telefone celular, via mobile banking.

Mas esse movimento de digitalização dos bancos já ocorre há algum tempo. Nos últimos 5 anos, entre 2014 a 2019, o Brasil registrou o fechamento de 3 mil agências e mais de 9 mil Postos de Atendimento Bancário. E com o atual momento essa tendência pode se aprofundar.

Isso porque, no primeiro trimestre de 2020, durante a pandemia, os bancos registraram queda de variação de lucro, impulsionada pela queda de registros de seguros, de captação no mercado, queda de empréstimos e repasses, aumento das despesas com PDD e queda de receita de prestação de serviços e tributos.

Por outro lado os bancos se mantém como as empresas mais lucrativa do país. Em 2019 os bancos registraram o maior lucro de toda história nacional: R$ 108 bilhões de Reais. A maior parte desse lucro veio das altas taxas de juros do cartão de crédito, que tem sido bastante consumidos pela população brasileira com o aumento do desemprego e da informalidade e com as dificuldades impostas pelos bancos para obtenção de crédito.

“Os bancos estão eliminando cargos e funções bancárias, estão fechando agências e ampliando a digitalização. Essa digitalização e outras forma de digitalização tem se mostrado como um desafio central para a categoria bancária, pois é um tipo de relação trabalhista que causa grande impacto para a atuação sindical. Precisamos lutar por relações de trabalho humanizadas no setor financeiro, as vidas e a dignidade do emprego devem estar acima do lucro dos bancos”, destaca Cátia Uehara.

Ela convoca a categoria a responder a pesquisa de Home Office da Contraf-CUT para nortear as estratégias de negociação do Comando Nacional com a Fenaban durante a Campanha Nacional e avalia que a unidade sindical será imprescindível para enfrentar as privatizações, o desmantelamento do Estado, para proteger as vidas das pessoas e os direitos trabalhistas.

Salvar vidas, com nenhum direito a menos

O dirigente da CUT Nacional Milton Rezende, que é funcionário do Banco do Brasil, também participou do segundo dia da 15ª Conferência Bancária do Pará. Para ele, a principal prioridade da categoria bancária na Campanha Nacional 2020 é salvar vidas e garantir todos os direitos até hoje conquistados com muita luta.

“Temos que ter a clareza de que não podemos aceitar redução de nenhum direito nessa Campanha Nacional Bancária 2020, nesse cenário em que vivemos com um presidente que se preocupa mais em salvar bancos, do que salvar vidas durante essa pandemia. Também temos que discutir profundamente o mundo do trabalho pós-pandemia, o individualismo frente ao teletrabalho e home office e, com isso, a retiradas de direitos, como tíquete e plano de saúde”, afirma Milton Rezende.

Ele destaca que, após as reformas trabalhista e previdenciária e a liberação da terceirização, o Brasil alcançou a marca de 85 milhões de pessoas que estão no mercado de trabalho sem nenhum tipo de proteção de direitos, inclusive no ramo financeiro.

“Na greve dos trabalhadores de aplicativos vimos que tem todo tipo de pessoa ali, de engenheiro a estudante. Esse novo mundo do trabalho precisa ser compreendido pela categoria bancária, pois precisamos saber que tipo de Estado nacional vamos querer para o nosso futuro e que tipo de sindicato nós queremos para organizar as lutas e defender os direitos dessa classe trabalhadora atual, cada vez mais precarizada e desregulamentada. Defender vidas e empregos é nosso grande desafio no momento”, conclui.

 

Fonte: Bancários PA

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