“Esperançar”: Curso de formação sindical encerra com a esperança de um 2022 diferente

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Segundo o Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire, “⁠é preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir!”. O poema está no verso da agenda 2022 do Sindicato “É tempo de esperançar” e foi lido pela presidenta do Sindicato, Tatiana Oliveira no dia (4) do encerramento do curso de formação com delegados (as) e dirigentes sindicais na sede do Sindicato em Belém.

“Não poderíamos ter escolhido verbo melhor. Paulo Freire define um pouco do misto de sentimentos que cada um de nós, sobreviventes dessa pandemia ainda em curso, trazemos no peito. E é com esse mesmo sentimento que caminhamos para 2022. Ano que vem a gente tem um ano muito importante pra classe trabalhadora, é um ano eleitoral. No caso da categoria, nós vamos ter uma campanha salarial, uma negociação sempre muito difícil diante de tantas retiradas de direito implementadas pelo governo Bolsonaro e o Congresso Nacional. Então a categoria tem que resistir e demonstrar sua organização e sua força mais do que nunca”, explica Tatiana Oliveira.

O último dia de formação sindical contou com a participação especial da secretária nacional da CUT, Carmen Foro, que trouxe um breve panorama da crise socioeconômica e política que o Brasil passa, em meio a uma pandemia. “Vacina demorou, muitos amores de alguém se foram, a fome e o desemprego aumentaram; e as entidades sindicais, movimentos sociais, como o MST, têm se juntado pra levar comida a quem não tem. O Sindicato dos Bancários é parceiro da CUT nessa corrente de solidariedade, a quem somos muito gratos. E essa união da classe trabalhadora que faz a gente resistir, pois é preciso acreditar, apesar do Bolsonaro. Se a gente não lutar pelos nossos sonhos, as transformações não acontecem”, destaca a dirigente sindical que é natural da zona rural da cidade de Moju, nordeste do Pará.

Das ruas para as redes

Com a pandemia, até as manifestações de rua ganharam as redes sociais, e o Twitter foi uma das redes onde entidades sindicais e movimentos sociais fizeram acontecer, especialmente com o tuitaço, que foi tema da oficina de comunicação. “A ideia foi de nos próximos tuitaços contarmos com a participação massiva dos nossos delegados e dirigentes sindicais, e para isso explicamos desde como criar uma conta nesse serviço de microblog que é muito mais tempo real dos acontecimentos, em todo o mundo, do que qualquer outra rede social; e também mais fácil de usar”, comenta o jornalista do Sindicato, Allan Tomaz.

Retomada

Segunda dose da vacina anti-Covid, máscara, álcool em gel e sem aglomeração. Foram quase dois anos de espera para que as atividades presenciais fossem retomadas, de forma gradual, na sede da entidade em Belém.

“A diretoria do Sindicato foi muito cautelosa esse período todo e a gente aguardou que realmente todo mundo pudesse ter tomado a segunda dose. Então a nossa expectativa, após mais de um ano e meio sem encontrar com os delegados sindicais para uma formação presencial, embora a gente tenha feito várias atividades online, é a melhor possível. Que a gente possa interagir, que esse grupo possa se conhecer, se fortalecer, que a gente possa discutir as agendas”, disse Tatiana.

Em junho do ano passado, 50 delegados e delegadas tomaram posse, e a primeira etapa do curso de formação foi virtual. Nesta sexta-feira (3) e sábado (4) a formação dos “militantes sindicais”, como o sociólogo, Anderson Campos, chama os representantes da categoria, será continuada de forma presencial. Neste segundo módulo, Anderson trouxe debates e tarefas em grupo a partir da leitura de textos sobre “Consciência de classe no Brasil neoliberal”.

“A arte do encontro, que ela permita que esses compromissos sejam reafirmados com novos projetos, atualizando a tarefa que nós temos hoje. Compreender essa conjuntura, refletir sobre esse processo é muito importante para qualquer militante sindical, seja ele um militante no local de trabalho, seja ele um militante que está em direção do Sindicato, é uma tarefa fundamental se atualizar sobre a conjuntura e sobre as tarefas que nós temos pela frente, e essas tarefas serão refletidas nos dois dias de curso com essa presença, mas pensando também que não vai ser constante, ter essa ideia de encontro presencial. Nós estamos pensando em atividades que combinem o híbrido com o online para não perdermos a capacidade de se encontrar mesmo que seja virtualmente”, destaca Campos que também é especialista em organização sindical.

O delegado sindical e bancário do Banpará em Castanhal, nordeste do Pará, Glauber Oliveira, viajou 75 km para participar do curso de formação na capital paraense. Para ele, esse tipo de encontro vai além do aprendizado teórico. “Reencontrar os colegas num curso tão importante para nós bancários é gratificante; e ter esse calor humano, essa presença física é mais importante ainda para nós conseguirmos os nossos objetivos. As expectativas são as melhores possíveis depois de tudo isso que a gente vem passando”, confessa.

Audiovisual na luta sindical

No turno da tarde, do primeiro dia (3), a programação do curso de formação teve continuidade com produção de vídeos relacionados à Defesa dos Direitos x Governo Bolsonaro, além debates a partir da exibição do filme “Quem está doente é o banco”.

“Estou participando pela primeira vez desse curso de delegados sindicais e vejo que é muito importante estarmos voltando ao presencial, pois online não é o mesmo movimento, então estamos muito gratos por estar sendo possível esse retorno agora e estaremos aproveitando o máximo possível desse evento”, afirma a delegada sindical do Banpará em Marabá, Deise Barbosa.

Para encerrar a programação da sexta-feira houve o lançamento da campanha “Assédio Moral: diga não, denuncie!” que contou com uma palestra sobre assédio moral no ambiente de trabalho ministrada pela advogada Camila Aranha.

“A vítima deve anotar os detalhes de todas as humilhações sofridas, por exemplo, o dia, o local, o nome do agressor, colegas que testemunharam, e ainda, conteúdo da conversa e evitar conversar com o agressor sem testemunha. Procurar o Sindicato, o Ministério Público, a Justiça do Trabalho, o Centro de Saúde do Trabalhador. É importante buscar atendimento psicológico e psiquiátrico, além do apoio de familiares e amigos para recuperar autoestima”, orientou.

 

Fonte: Bancários PA

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