Representantes dos trabalhadores reivindicam esclarecimentos sobre as mudanças na rede de atendimento

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A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) convoca a sociedade civil brasileira a debater os rumos do banco 100% público e com caráter social, depois do anúncio pela atual gestão da instituição, no início de dezembro do ano passado, de um novo modelo de reestruturação para operar no atacado. Caso concretizada, a proposta terá o poder de afetar as condições de trabalho dos empregados do banco por todo o país, hoje prejudicadas pela defasagem de pessoal nas agências e postos de atendimento.

As mudanças previstas visam atingir diretamente a rede de atendimento. Essa reestruturação mira na aplicação de uma espécie de “verticalização” a todos os gerentes e na ampliação da segmentação, com a criação de agências ou ambientes para atendimento exclusivo de nichos específicos. Prevê-se ainda a criação do conceito de “Gestão Operacional” nas unidades, resultando na extinção sumária da função de tesoureiro.

Com base nessa reestruturação, parte das agências irá funcionar sem bateria de caixas e passará a atuar como uma unidade sem numerário. Um contingente de 1.200 empregados será deslocado para dedicar-se apenas ao relacionamento e desenvolvimento de soluções para os clientes do segmento do mercado de atacado.

Como em outros processos de reestruturação montados no passado e pela atual gestão, sobram dúvidas e incertezas entre os empregados e faltam transparência e explicações da direção do banco. É que as mudanças na estrutura da rede de atendimento vão impactar negativamente o cotidiano profissional dos empregados.

Diante desse cenário que irá prejudicar muitos trabalhadores, o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, reivindica a imediata suspensão da proposta de reestruturação e aponta como nociva a ausência de negociação da Caixa com as entidades representativas, o que descumpre a cláusula 48 do Acordo Coletivo de Trabalho. “É um total desrespeito com os empregados e com os canais de diálogo”, critica.

Jair Ferreira reitera a defesa da Caixa 100% pública e contesta a perda de mercado pelo banco em 2019, com a venda de R$ 15 bilhões em ativos próprios, medida a ser ampliada caso a abertura de capital da operação de seguros e em outras áreas estratégicas seja levada adiante, conforme anunciado pelo presidente da empresa reiteradas vezes.

“Com seguidas medidas de reestruturação da rede de atendimento, a Caixa segue perdendo mercado com o registro de queda em sua carteira de crédito. Com o plano de privatização sendo colocado em prática em 2020, resta saber o que irá sobrar da Caixa pública e social e de como ficará sua sustentabilidade para continuar atuando como o banco da casa própria, do FGTS, da poupança e da parcela mais desprotegida da população?”, pondera.

O coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), Dionísio Reis, que também é diretor da Região Sudeste da Fenae, conclama os empregados a continuarem resistindo à privatização do banco e ao retrocesso, reafirmando o papel social da Caixa e do futuro da cidadania, da democracia e da soberania nacional através da campanha #CAIXAÉTODASUA, lançada pelo Comitê Nacional em Defesa da Caixa.

Dionísio Reis aponta ainda que a reestruturação na rede de atendimento terá impacto direto no papel social do banco, confirmando o que já vinha sendo denunciado pelas entidades representativas: a intenção do governo de acelerar o processo de encolhimento do maior banco público do país, comprometendo a execução de políticas públicas de Estado e retirando direitos dos trabalhadores. “E isso não vamos admitir sob qualquer hipótese”, diz.

Para Fabiana Uehara, diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) e integrante da CEE/Caixa, a falta de transparência no processo atinge fortemente a rede de atendimento nas agências. “Vamos continuar cobrando negociações e respostas para as dúvidas que preocupam os empregados, situação que faz aumentar nas unidades a quantidade de casos de adoecimento e assédio moral. Isso configura-se como inaceitável!”, denuncia.

Fabiana Uehara afirma que a indefinição provocada por medidas de reestruturações sem qualquer debate com os trabalhadores sinaliza para um clima de medo e insegurança no ambiente de trabalho, acarretando muitas dúvidas entre todos os bancários das áreas afetadas. “O que mais se ouve nas unidades é que não existem informações claras sobre como os gestores e técnicos bancários devem proceder”, declara.

Em todo o país, as entidades representativas começam a mobilizar-se para debater com os empregados os impactos e formas de enfrentar a proposta de reestruturação na rede, pois esse processo não pode servir para discriminar ou perseguir trabalhadores.

 

Fonte: Fenae

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